"Começou um período novo, é fundamental entender o momento em que os movimentos sociais elegeram seus próprios governos, como aconteceu na Bolívia. Agora se estabelece uma relação nova com a política e passa-se a disputar a hegemonia de outra forma. Digo isso não para tornar o Fórum governamental ou estatal, nada disso. Mas o Evo Morales não devia ter vindo fazer dois discursos. Devia ter trazido as experiências dele aqui. Existe uma espécie de pecado original do Fórum. Ele surgiu dirigido por um secretariado de oito organizações brasileiras, o problema é que seis são ONGs e duas são movimentos sociais, MST e CUT. Imagina a desproporção. MST e CUT têm a existência inquestionável, votam as suas decisões, elegem seus representantes. Apesar de algumas ONGs serem conhecidas, como o Ibase, outras são tão desconhecidas que dois de seus representantes mudaram sua representação, eles continuam lá, mas mudaram a representação da organização onde eles supostamente estão. Elegeu-se um secretariado amplo, mas formado por entidades de vários países que tem dificuldade de se estruturar, então eles continuam existindo como Comitê Facilitador. As ONGs não podem ser o paradigma político de um outro mundo possível. Nós teremos que construir isso. Elas têm lugar aqui, no entanto, o protagonismo tem que ser dos movimentos sociais ".
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3 comentários:
Movimentos sociais elegeram governo na Bolívia? Isto é ideologia (no sentido mais marxiano possível)... os ms foram cabo, o que já está desviando os ms de sua luta primeira... a unica coisa que ainda justifica em parte este tipo de argumento é a luta de classes. Entendo que o ultimo fórum "memorável" foi em 2003, com o acampamento ainda livre de direção, quando havia um clima de tensão social dentro da organização do fsm, fato que o tornava mais legítimo perante o mundo, muito diferente do clima de representatividade e esperança em governos de esquerda de agora. Quanto ao paradigma do fórum estatal, bom, por que ele está no Pará? O que o FSM encherga, quais os fatores que considera na hora de se situar geograficamente? Me parece bastante previsível o que vem acontecendo se nos perguntamos isto. Enquanto se legitimam governos de esquerda por aqui, em chiapas e oxaca, por exemplo, gente morre porque tenta se autodeterminar em detrimento de governos. Sem reducionismos, mas, se "o protagonismo tem que ser dos movimentos sociais", creio que existe uma contradição a ser discutida.
SIm, a contradição, sabemos, tá muito presente e surge e esvanece ao rumo dos ventos e das impressões que as pessoas resolvem seguir.
Sobre as ONGs, acredito que sejam sim muito diferentes dos Ms, mesmo quando esse escorregam no quiabo.
Eles ao menos são comprometidos - como tu bem disse, na sua luta primeira - com a ação e mobilização social. As ONGs já nascem como intermediários desse processo: são os próprios atravessadores dos recursos públicos e privados e trazem junto sua lei, que é a da burocratização, documentação, eficiência, etc. Não vão conseguir ser outra coisa mesmo que queiram, mas isso não impede que auxiliem no processo.
Sobre os governos, a des-mobilização que um social democrata faz nos movimentos sociais mais de centro ou mesmo de esquerda mostra o critério ausente no julgamento desses próprios movimentos sociais. Confundir o menos ruim com o melhor é um erro grosseiro, principalmente se este "melhor" for necessariamente antagônico - e irreconciliável nesse sentido - com a estrutura existente. Não é apenas questão de um pouco mais para cá ou para lá, mas sim de navegar na direção ainda inexplorada.
Por outro lado, prefiro Lugo a Chaves, que prefiro a Fox, então a coisa embola no meio por falta de opção no campo da politica. Qual q solução? FAZER a política, DESFAZER a política por completo para não montá-la novamenete. Como diz o Vaneighem, destruir tudo para que as próximas gerações possam ter liberdade de começar certo.
Tenho notícias de que o Conselho Internacional do FSM está considerando a idéia do México. parece que foi depois que leram neste blog que tiveram a idéia... heheheh...
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