sábado, 20 de novembro de 2010

IFHP 2010: Saskia Sassen (14 nov)

Comecemos, então, do início:
14nov - noite: abertura com Saskia Sassen (socióloga, professora de Columbia atualmente)
  • Ponto de vista MUITO interessante considerando a habitação como tendo uma condição heurística, na qual não se encerra em sí mesma e que leva à socióloga a não encerrar as questões (quaisquer que sejam) sem considerar as razões de fundo que as geram ou potencializam;
  • Estabelece que os ricos estão ativamente agindo contra os pobres numa disputa por terra - que se desdobra em localização, acesso a recursos estretégicos, etc;
  • Passa então para o problema do sistema financeiro - e sua atual crise - com desdobramentos graves e profundos para o 3° mundo no médio prazo: será o destino dos capitalstas em buscas da lucratividade que não há no resto do mundo endividado da Europa e América do Norte;
  • Analisa a questão da habitação sob a ótica capitalista e sua falência: o "produto" em que se tornou e as subsequentes envolventes de especulação (crédito, especulação da terra, subprimes, derivativos em geral);
  • Mostra a curva de apropriação da "fortuna nacional" nos EUA de 1917 a 2002: anos da economia keynesiana forçaram uma "exploração digna" dos mais pobres (onde os 10% mais ricos possuíam 25% da riqueza) que acabou na era Reagan (passando rapidamente para 35% durante os anos 1980 e chegando a 45% em 2002).
  • A moral é que a inclusão pelo consumo pelo menos buscava incluir, enquanto hoje a exclusão é a base. Forma-se uma "população excedente" chamada de suprlus population pela socióloga;
  • Ao mesmo tempo, desde 1979 a 2007 o 1% mais rico da população acumula um aumento de sua riqueza (medida após a cobrança de impostos) de 281%, enquanto que os 20% mais pobres acumulam míseros 16%;
  • O drama ambiental a ser enfrentado no futuro muito próximo por grande parte da população mundial que deverá afetar a todos, mesmo que em maior medida e intensidade os mais vulneráveis;
A socióloga então concluí com a localização da solução para estes e outros conflitos nas cidades do mundo todo. A lógica da urbanização majoritária da população humana e o típico raciocínio urbano-cêntrico encontrado na frase conhecida de Jaime Lerner (que afirma que tanto os maiores problemas quanto suas soluções encontram-se nas cidades) é clara.
Saskia, no entanto, parece sucumbir por um momento a uma tentação de futurismo, creditando à tecnologia (as alternativas verdes, nanotecnologia, micro-biologia, etc etc etc) um potencial de revolucionar a qualidade do ambiente edificado. Nada de novo, como já vimos em relação a Artigas e mesmo na prática cotidiana de uma certa arquitetura.
Conclui realmente com a afirmação de que a complexidade ecologia das cidades contemporâneas será capaz de trazer, com convergência, as diferentes visões para ativar processos e ações que tragam a tona as capacidades das pessoas para criar cidades, de maneira a superar as contradições das lógicas dominantes, opondo-se aos aspectos ecologicamente danosos de nossa sociedade (traduções livres deste que escreve).
A seguir, pretendo comentar um pouco Hugo Priemus, chamado de Mr. Dutch Housing com sua visão sistematizada da produção habitacional.

2 comentários:

R.R.Dias disse...

Ótimas observações!

Que venham as próximas!

Abraço,

Alê: o Pereira disse...

Já tem mais uma!

abs!