"(...) A impressão que me fica é que o mix de reflexôes que o arquiteto de esquerda se debate, envolvendo estética, tecnologia, luta de classes voluntária e involuntária, finança, corrupção, política, demagogia, especulação imobiliária, planejamento, cegueira, enganação grossa, utopia, etc., tem uma relevância notável e que, a despeito da grossura escancarada, ou por causa dela, ele é como que o modelo para um debate estético realmente vivo. A diversidade, o peso e a incongruência atroz dos fatores que o debate dos arquitetos ambiciona harmonizar, naturalmente sem conseguir, são algo único. É o campo talvez em que a discussão estética de nosso tempo encontra, ou poderia encontrar, a sua expressão mais densa e propícia.(...)"
SCHWARZ, Roberto no posfácio de ARANTES, Pedro Fiori. Arquitetura Nova: Sérgio Ferro, Flávio Império e Rodrigo Lefèvre, de Artigas aos mutirões. São Paulo: Editora 34, 2002.
3 comentários:
será q o Pedro Arantes está dizendo que busca uma "estética de esquerda", levar a contradição pro campo da estética, harmonizar a dialética?? ... pfff... Pois é, ainda não achei nada melhor do que a velha dialética negativa do finado véio Adorno neste caso. Daí me pergunto, será que temos alguma possibilidade de afirmar uma "estética dialética negativa" (hahahah, acho brabo...)? E seguimos nós querendo dar nó em pingo d'água... questão séria essa e talvez por isso ainda temos alguma possibilidade de nos divertir com ela... o Koolhaas faz o que afinal de contas?? (além de ganhar muito (muito) dinheiro com ela)???
Sim, mas se tu pegar teu livro (que tá com a Denisinha) e olhar o que diz esta passagem, que aliás corrijo aqui, não é do Arantes, mas do Roberto Schwarz, no pósfacio, tu vai ver que é exatamente isso que ele impõe como conclusão pras ações da Arquitetura Nova e de todos os Novos dos anos 60: uma impossibilidade de resolver a sua própria crise em sí mesmo, um desejo de resolver a Crise (de tudo) e uma liberdade das outras artes (pintura, escultura, música, teatro e principalmente cinema) em relação a arquitetura.
A versão do Koolhas, eu acho, que continua sendo reprodutora da Crise, mas aponta, dentro dessa Crise, sua própria inescapabilidade, seu "destino" enquanto contraditória, apesar de reafirmar as suas (da Crise) características.
Dá pra entender? É uma crítica negativa pela afirmação, pela reprodução ao limíte.
To preparando um Sergio Ferro/Walter Benjamin/Andre Breton a este respeito... me aguarrrde!
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