tag:blogger.com,1999:blog-74741272419682913602023-11-16T11:46:31.752-03:00ARQFORUMBlog/Fórum sobre Arquitetura e Urbanismo em Porto Alegrefliphttp://www.blogger.com/profile/05276940044137861722noreply@blogger.comBlogger68125tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-38737570740459585392010-12-06T12:48:00.001-02:002010-12-06T12:50:05.484-02:00Bicicletas em Porto Alegre<div style="color: black; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: 10pt; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;">N</span>a idéia de contribuir nessa função que se criou sobre o <a href="http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&section=Geral&newsID=a3128807.xml" rel="nofollow" target="_blank">acorrentamento das bicicletas no Mercado Público</a> de Porto Alegre, sugiro que ao contrário de saudarmos como heróis os culpados pela situação chegar até aqui (no caso a SMIC com sua postura arrogante, a SMOV com o descaso que tem com o espaço público, a EPTC com a total dedicação do trânsito para os automóveis e a Prefeitura em geral pela mentalidade anti-urbana que tem tido durante MUITO tempo), a gente apoie uma iniciativa que poderia solucionar parte do problema e, mesmo não sendo a solução final do problema, parte de uma base super pragmática e fácil de implementar. </div></div><div style="color: black; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: 10pt; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>O que é?</div></div><div style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"><span class="Apple-style-span" style="color: #007f40;"> </span></span><b><span class="Apple-style-span" style="color: #007f40;">Um projeto de lei que obriga a oferta de vagas para bicicletas em </span></b><b><span class="Apple-style-span" style="color: #007f40;">(quase) </span></b><b><span class="Apple-style-span" style="color: #007f40;">todos os locais em que há vagas para carros.</span></b></div></div><div style="color: black; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: 10pt; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><div style="text-align: justify;"><b><br />
</b></div></div><div style="color: black; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: 10pt; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Tenho aqui no <a href="http://www.3c.arq.br/" rel="nofollow" target="_blank">escritório </a>tanto a lei proposta como o abaixo-assinado de apoio a ela. Quem quiser, também pode imprimir e me entregar que faço o contato com o pessoal que está tocando a iniciativa, que são o <a href="http://www.poabikers.com.br/" rel="nofollow" target="_blank">Poabikers</a>, a <a href="http://www.aczs.com.br/" rel="nofollow" target="_blank">ACZS</a>, a <a href="http://massacriticapoa.wordpress.com/" rel="nofollow" target="_blank">Massa Crítica/PoA</a> e a Associação AUDAX.</div></div><div style="color: black; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: 10pt; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><div style="color: black; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: 10pt; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Sobre a lei proposta, gostaria de destacar algumas coisas (até pra esclarecer):</div></div><div style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><ul><li style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;">Prevê a inclusão <b>obrigatória </b> de vagas para bicicletas em todos os estacionamentos comerciais de Porto Alegre e naqueles oferecidos por estabelecimentos de comércio e serviços aos seus clientes (que tenham mais de 10 vagas);</span></span></li>
<li style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;">O <b>número de vagas para bicicletas é proporcional</b> ao número de vagas total do estacionamento, de 2 a 20 vagas para bike, a partir de um mínimo (5 vagas para bicicletas para estacionamentos comerciais com até 25 vagas para carros e 2 vagas para bicicleta para estacionamentos de lojas);</span></span></li>
<li style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;">está proposta a<b> cobrança de um valor</b> igual a metade da passagem de ônibus municipal para cada turno de estacionamento (de modo a formalizar o estacionamento e para não penalizar o estabelecimento. pensou-se que pagando 2 turnos já vale a pena em relação ao ônibus, por exemplo);</span></span></li>
<li style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;">Assim como para com os carros, os <b>estabelecimentos ficam responsáveis pelas bicicletas estacionada</b>s;</span></span></li>
<li style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"><b>Já temos mais de 1.000 assinaturas</b>, mas buscamos ao menos 3.000 para levar a iniciativa aos vereadores.</span></span></li>
</ul><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Mais informaçõe<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>s, sugiro <a href="http://www.poabikers.com.br/pf.htm" rel="nofollow" target="_blank">este link do Poabikers</a> com a explicação e o texto da lei e este outro link com a <a href="https://docs.google.com/Doc?docid=0Aa1Jc2CutqPyZGtycHN6cl8xNmR6NWN4cGhn&hl=pt_BR" rel="nofollow" target="_blank">folha para coleta de assinaturas</a>. Essa folha, pode ser preenchida e entregue a mim ou </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia; font-size: 13px; line-height: 15px;">n</span><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px; line-height: 15px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: arial, helvetica, sans-serif;">a loja M Bike da Av. Santana esq. Olavo Bilac. </span></span></div></div></div>Alê: o Pereirahttp://www.blogger.com/profile/06378532014366746284noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-49734398612829576362010-11-23T10:37:00.009-02:002010-11-29T20:26:56.652-02:00Das habitate II<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxWnkmn3tgPVVSV5dCjkdvXJRUENSCYSnsMlXq9dYYtTzb1As6BYZoyo0orFYvx_ZYxyyVKTmZpz-XwMMjX11qaMvOg2flQ_-BipyF6fpUF7eNBafRmSaacbx8frZR2Eze96vEEkaTTdg/s1600/Figura6.jpg"></a><div style="text-align: justify;">Continuando o post do início de setembro, vou colocar aqui os dois artigos que escrevemos recentemente para o Congresso Mundial do IFHP que aconteceu aqui em PoA. </div><div style="text-align: justify;">O primeiro se trata da <a href="http://utopia-e-luta.blogspot.com/">Comunidade Autônoma Utopia e Luta</a>, foi escrito por Alexandre Pereira e por Felipe Drago e segue assim:</div><div style="text-align: justify;"><b><br /></b></div><div style="text-align: justify;"><b>O confronto político na Comunidade Autônoma Utopia e Luta</b></div><div><div style="text-align: justify;"><b><br /></b></div><div style="text-align: justify;"><b>resumo: </b><i>"O artigo se dedica a compreender o confronto político na Comunidade Autonoma utopia e Luta através da “teoria da ação coletiva” de Sidney Tarrow. Para tanto foram escolhidos aspectos principais </i><i>do confronto como as estruturas de oportunidades e restrições políticas e a formação de quadros </i><i>interpretativos de apoio ao confronto. Por trás disto, está o interesse em expor aos planejadores urbanos </i><i>os resultados desta dinâmica, compreendendo que os movimentos sociais urbanos são alguns dos </i><i>principais catalisadores da mudança social e, por decorrência, espacial das cidades. Neste contexto o </i><i>grupo analisado se destaca por se tratar da primeira comunidade a receber repasse de edificação </i><i>desocupada da União em área central de Porto Alegre, reformada através da auto-gestão para fins </i><i>habitacionais."</i></div><div style="text-align: justify;"><b>Palavras-chave: </b>Movimentos Sociais; Habitação; Política Pública</div></div><div style="text-align: justify;">E aqui o <a href="http://www.zumodrive.com/share/8HI1OTVlMj">link para o artigo</a>.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwk2GnBv-sz1r6YLL25Ato6YqVBjZXs1XEkk3QpoJAtLyqIJ7j6YQWKLh1KOEyTUqwtALNgkW-jDY5YJxBcS0CZmA8AbbroSZTjdcHImduhIwMPlbpIE07ooVxWe9pdwLzU_9yMjI6fwU/s930-r/CABE%C3%87ALHO.jpg"><img style="float:left; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 651px; height: 122px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwk2GnBv-sz1r6YLL25Ato6YqVBjZXs1XEkk3QpoJAtLyqIJ7j6YQWKLh1KOEyTUqwtALNgkW-jDY5YJxBcS0CZmA8AbbroSZTjdcHImduhIwMPlbpIE07ooVxWe9pdwLzU_9yMjI6fwU/s930-r/CABE%C3%87ALHO.jpg" border="0" alt="" /></a><br /></div></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><br /><br /><br /><div style="text-align: justify; ">O segundo artigo foi escrito por Alexandre Pereira Santos, Júlio Celso Vargas e Tiago Holzmann da Silva sobre a prática profissional ao redor dos Planos Locais de Habitação de Interesse Social, segue:</div><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: justify;"><b>A Nova Política Habitacional Brasileira e a prática do Planejamento Urbano: o Plano Local de Habitação de Interesse Social (PLHIS) como matéria de interesse urbanístico</b></div><div style="text-align: justify;"><b><br /></b></div><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: justify; "><b>Resumo: </b><i>"este trabalho apresenta um relato da experiência prática e uma crítica aos chamados Planos </i><i>Municipais de Habitação Social, instrumento recente da política habitacional brasileira, inserida no </i><i>marco geral da política urbana do país. É descrito o sistema geral de financiamento e estímulo à </i><i>organização local do setor habitacional, especialmente àquele destinado à parcela da população </i><i>normalmente excluída do mercado privado; é apresentado o PLHIS, seu movimento de implantação </i><i>institucional e, a seguir, relatada a forma como os autores lidaram com o desafio de elaborar um tipo de </i><i>plano relativamente inédito no panorama da atividade profissional. Finalmente, como conclusão, é feita </i><i>a crítica ao arcabouço político-institucional e à estratégia de aplicação do instrumento, bem como </i><i>desenvolvida uma breve reflexão sobre os resultados e a própria abordagem dos autores. </i></div><div style="text-align: justify; "><span class="Apple-style-span" style="font-weight: bold; "><br /></span></div><div style="text-align: justify; "><i></i><b>Palavras-chave: </b><i>Habitação; Política Pública; Participação.</i></div><div style="text-align: justify; ">Aqui o <a href="http://www.zumodrive.com/share/8vGHNGUxNW">link para o artigo </a>em portuguës.</div><div style="text-align: justify; "><br /></div><div style="text-align: justify; ">ps: este artigo foi apresentado em inglês. Para esta versão, siga <a href="http://www.zumodrive.com/share/8vGFMmMxY2">este link</a>.</div><br /><br /><div style="text-align: justify; "><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxWnkmn3tgPVVSV5dCjkdvXJRUENSCYSnsMlXq9dYYtTzb1As6BYZoyo0orFYvx_ZYxyyVKTmZpz-XwMMjX11qaMvOg2flQ_-BipyF6fpUF7eNBafRmSaacbx8frZR2Eze96vEEkaTTdg/s1600/Figura6.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxWnkmn3tgPVVSV5dCjkdvXJRUENSCYSnsMlXq9dYYtTzb1As6BYZoyo0orFYvx_ZYxyyVKTmZpz-XwMMjX11qaMvOg2flQ_-BipyF6fpUF7eNBafRmSaacbx8frZR2Eze96vEEkaTTdg/s320/Figura6.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5542729824336865010" style="float: left; margin-top: 0px; margin-right: 10px; margin-bottom: 10px; margin-left: 0px; cursor: pointer; width: 320px; height: 109px; " /></a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLqsXKGNykT62tol8rm6xWoQGAkVmvYiJfYkzNWKYMgDPN6bAtJDtPHGjKorrTp1jEDQqwdgyuJy02hUOPAkoiGR-EZH07m2DiSiUlcliEYAbCj_uCrFwyNgOr8YC4i8oGooKcMl-scxg/s1600/Figura7.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLqsXKGNykT62tol8rm6xWoQGAkVmvYiJfYkzNWKYMgDPN6bAtJDtPHGjKorrTp1jEDQqwdgyuJy02hUOPAkoiGR-EZH07m2DiSiUlcliEYAbCj_uCrFwyNgOr8YC4i8oGooKcMl-scxg/s320/Figura7.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5542729783104532434" style="float: left; margin-top: 0px; margin-right: 10px; margin-bottom: 10px; margin-left: 0px; cursor: pointer; width: 320px; height: 95px; " /></a></div><div style="text-align: justify; "><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLqsXKGNykT62tol8rm6xWoQGAkVmvYiJfYkzNWKYMgDPN6bAtJDtPHGjKorrTp1jEDQqwdgyuJy02hUOPAkoiGR-EZH07m2DiSiUlcliEYAbCj_uCrFwyNgOr8YC4i8oGooKcMl-scxg/s1600/Figura7.jpg"></a><span class="Apple-style-span"><u><br /></u></span><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyPs-jxyPRBHcUa6mFRiH-G71egoifjyI688nWVlJcgWbp1nXtnZkYQfBOr5978h3QoenP6n0_bs23ZegSysSBD_PQ3jza3rVLM6FptZ1EGdJlYaOYx3aaBcVxPghNw9cLnvGrZ2SB-40/s1600/IFHP__PLHIS_diagrama-01.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyPs-jxyPRBHcUa6mFRiH-G71egoifjyI688nWVlJcgWbp1nXtnZkYQfBOr5978h3QoenP6n0_bs23ZegSysSBD_PQ3jza3rVLM6FptZ1EGdJlYaOYx3aaBcVxPghNw9cLnvGrZ2SB-40/s320/IFHP__PLHIS_diagrama-01.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5542729769324365362" style="float: left; margin-top: 0px; margin-right: 10px; margin-bottom: 10px; margin-left: 0px; cursor: pointer; width: 320px; height: 298px; " /></a><br /></div></div></div>Alê: o Pereirahttp://www.blogger.com/profile/06378532014366746284noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-40279988396827229742010-11-22T10:06:00.004-02:002010-11-22T11:33:52.334-02:00IFHP 2010: Hugo Priemus (15nov manhã)<div style="text-align: justify;">Continuando com o dia 15 de novembro com as colocações do prof. Hugo Primeus, chamado de "<i>Mr. Dutch Housing"</i> pelo coordenador da mesa, indicando sua relevância no tema para o IFHP.</div><div style="text-align: justify;">Começo por confessar que assisti a partes de sua manifestação pois estava envolvido com a apresentação que faríamos as 11h deste mesmo dia, portanto vou ser ainda mais conciso do que com a Saskia Sassen.</div><div style="text-align: justify;">Como economista e arquiteto, Hugo parte de uma visão sistêmica da habitação social baseada nos sistemas de produção (e não tanto nas relações dentro deles), especialmente os aspectos mercadológicos do tema. </div><div><ol><li style="text-align: justify;">Sugere o <i>aluguel social</i> como das melhores ferramentas para se fomentar o acesso a habitação sem, por um lado, engessar o morador numa realidade que na opinião de Hugo tem que ser transitória e por outro sem fixar os tipos a serem produzidos a um <i>standard</i> médio e genérico de necessidades habitacionais: </li><li style="text-align: justify;">Neste ponto, sugere que como o vínculo entre morador e moradia é passível de ser alterado, ele responde melhor tanto ao "mercado" de habitação social - por compor um estoque em permanente fluxo no "mercado" e por possibilitar padrões edificados diversos que respondem a diferentes necessidades e graus de intervenção do estado - quanto aos moradores que, partindo da premissa de que necessitam de ajuda do estado, podem utilizar-se desta ajuda pelo <i>tempo necessário, </i>sem ser congelados em uma condição única de moradia;</li><li style="text-align: justify;">Neste mesmo assunto, salienta como na Holanda o padrão de intervenção do estado é mais intenso, com financiamentos de taxa-social e regulação do mercado de aluguéis presentes para todas as famílias com renda até 33 mil Euros/ano (cerca de 43% da população) em conjunto com outras iniciativas (de produção de unidades novas, financiamento, etc);</li><li><div style="text-align: justify;">Um dado interessante que coloca é o percentual da população atendida pelas ações governamentais de habitação social:</div><div style="text-align: justify;">Holanda em 1992: 42% do mercado imobiliário residencial</div><div style="text-align: justify;">Holanda em 2010: 32% do mesmo mercado</div><div style="text-align: justify;">Países como a Alemanhã tem percentuais mais baixos e tratam a questão com menos intervenção do estado.;</div></li><li><div style="text-align: justify;">Relata que há um grande hiato entre a habitação de mercado e os programas sociais dos governos, que é monitorado pelos estados de bem-estar, mas que foi aumentado pelas lógicas liberais do século XX, sendo </div><div style="text-align: justify;">ALTO - Reino Unido</div><div style="text-align: justify;">BAIXO - Holanda e Alemanha (mas no caso da última a habitação social é entendida como transitória em um prazo de algumas dezenas de meses, poucos anos);</div></li><li><div style="text-align: justify;">Faz então uma análise do que chama do "valor agregado" da habitação social, construindo um sistema híbrido entre mercado e intervenção estatal marcado por alguns pontos:</div><div style="text-align: justify;">- Regulação do mercado imobiliário pelo estado para manter um mínimo de acesso e controlar especulação;</div><div style="text-align: justify;">- Influência no mercado pela intervenção estatal para que o primeiro alcance certos "públicos-alvo" definidos pelo estado como prioritários;</div><div style="text-align: justify;">- Estruturação de um quadro público de habitação entre produção de novas unidades, renovação urbana, aluguel social, arrendamento, etc;</div><div style="text-align: justify;">- Utilização do aluguel social em conjunto com a regulação do mercado de locações para prover moradia aos que tem renda;</div><div style="text-align: justify;">- Crucial o uso dos "vale-habitação" e financiamentos subsidiados ou controlados pelo governo como mecanismo de acesso da população à produção do mercado: se fomenta a venda do mercado e se garante a segurança social;</div></li><li><div style="text-align: justify;">Por último, lista algumas características macro-econômicas para instaurar este tipo de sistema:</div><div style="text-align: justify;">- Capitalismo saudável;</div><div style="text-align: justify;">- Mercado de terras regulado e com disposição a negociar;</div><div style="text-align: justify;">- Cadastros fidedignos e atualizados;</div><div style="text-align: justify;">- Finanças públicas saneadas - "saudáveis";</div><div style="text-align: justify;">- Democracia estável e direitos civis plenos;</div><div style="text-align: justify;">- Ausência ou controle da corrupção dos agentes públicos e privados</div></li></ol><div style="text-align: justify;">Ele conclui sugerindo - de maneira condizente com sua visão mercadológica do tema - que se aumente o "<i>share</i>" da habitação no mercado imobiliário residencial, através do incremento de sua qualidade, das possibilidades de escolha para os futuros moradores e diferenciação da produção.</div></div><div style="text-align: justify;">Neste sentido, sugere um aumento gradual deste "<i>share</i>", através da intervenção do estado no mercado de modo a fazer a habitação social um "business case".</div><div><div style="text-align: justify;">Espero que já tenha sido claro quanto a este tipo de solução, mas se não fui até aqui, evito entrar no assunto neste momento de modo a deixar as conclusões para os comentários futuros.</div></div><div style="text-align: justify;">Devo seguir com as manifestções de <a href="http://www.claudioacioly.com/">Claudi Acioly</a> da ONU-HABITAT, realizadas no mesmo dia do Congresso.</div>Alê: o Pereirahttp://www.blogger.com/profile/06378532014366746284noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-80718825408014175012010-11-20T16:18:00.002-02:002010-11-20T16:36:17.532-02:00IFHP 2010: Saskia Sassen (14 nov)<div>Comecemos, então, do início:</div><div>14nov - noite: abertura com <b><a href="http://www.saskiasassen.com/">Saskia Sassen</a></b> (socióloga, professora de Columbia atualmente)</div><div><ul><li style="text-align: justify;">Ponto de vista MUITO interessante considerando a habitação como tendo uma <i>condição heurística</i>, na qual não se encerra em sí mesma e que leva à socióloga a não encerrar as questões (quaisquer que sejam) sem considerar as <i>razões de fundo </i> que as geram ou potencializam;</li><li style="text-align: justify;">Estabelece que os ricos estão <i>ativamente</i> agindo <i>contra</i> os pobres numa disputa por terra - que se desdobra em localização, acesso a recursos estretégicos, etc;</li><li style="text-align: justify;">Passa então para o problema do sistema financeiro - e sua atual crise - com desdobramentos graves e profundos para o 3° mundo no médio prazo: será o destino dos capitalstas em buscas da lucratividade que não há no resto do mundo endividado da Europa e América do Norte;</li><li style="text-align: justify;">Analisa a questão da habitação sob a ótica capitalista e sua falência: o "produto" em que se tornou e as subsequentes envolventes de especulação (crédito, especulação da terra, subprimes, derivativos em geral);</li><li style="text-align: justify;">Mostra a curva de apropriação da "fortuna nacional" nos EUA de 1917 a 2002: anos da economia keynesiana forçaram uma "exploração digna" dos mais pobres (onde os 10% mais ricos possuíam 25% da riqueza) que acabou na era Reagan (passando rapidamente para 35% durante os anos 1980 e chegando a 45% em 2002). </li><li style="text-align: justify;">A moral é que a inclusão pelo consumo pelo menos buscava incluir, enquanto hoje a exclusão é a base. Forma-se uma "população excedente" chamada de <i>suprlus population</i> pela socióloga;</li><li style="text-align: justify;">Ao mesmo tempo, desde 1979 a 2007 o 1% mais rico da população acumula um aumento de sua riqueza (medida após a <a href="http://diplomatique.uol.com.br/artigo.php?id=784">cobrança de impostos</a>) de 281%, enquanto que os 20% mais pobres acumulam míseros 16%;</li><li style="text-align: justify;">O drama ambiental a ser enfrentado no futuro muito próximo por grande parte da população mundial que deverá afetar a todos, mesmo que em maior medida e intensidade os mais vulneráveis;</li></ul><div style="text-align: justify;">A socióloga então concluí com a localização da solução para estes e outros conflitos nas <i>cidades</i> do mundo todo. A lógica da urbanização majoritária da população humana e o típico raciocínio urbano-cêntrico encontrado na frase conhecida de Jaime Lerner (que afirma que tanto os maiores problemas quanto suas soluções encontram-se nas cidades) é clara. </div><div style="text-align: justify;">Saskia, no entanto, parece sucumbir por um momento a uma tentação de futurismo, creditando à tecnologia (as alternativas verdes, nanotecnologia, micro-biologia, etc etc etc) um potencial de revolucionar a qualidade do ambiente edificado. Nada de novo, como já vimos <a href="http://books.google.com.br/books?id=YwTPslUschUC&printsec=frontcover&dq=pedro+fiori+arantes+arquitetura+nova&source=bl&ots=ww0DZh5lzu&sig=47kCD1r-uv6mYlvFMVNpGdMY3mU&hl=pt-BR&ei=1BPoTNavMYG88gb2qpm5CQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CBYQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false">em relação a Artigas </a>e mesmo na prática cotidiana de <a href="http://www.usinactah.org.br/">uma certa arquitetura</a>.</div></div><div style="text-align: justify;">Conclui realmente com a afirmação de que a complexidade ecologia das cidades contemporâneas será capaz de trazer, com convergência, as diferentes visões para <i>ativar processos e ações que tragam a tona as capacidades das pessoas para criar cidades, </i>de maneira a superar as contradições das lógicas dominantes, opondo-se aos <i>aspectos ecologicamente danosos de nossa sociedade</i> (traduções livres deste que escreve).</div><div style="text-align: justify;">A seguir, pretendo comentar um pouco <i><a href="http://seb.soc.cas.cz/social_housing2000/abstrakty/priemus.htm">Hugo Priemus</a></i>, chamado de <i>Mr. Dutch Housing</i> com sua visão sistematizada da produção habitacional.</div>Alê: o Pereirahttp://www.blogger.com/profile/06378532014366746284noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-73740954112998170452010-11-20T16:03:00.003-02:002010-11-20T16:19:45.689-02:00Destaques recentes sobre habitação e urbanismo: 54° Congresso Mundial do IFHP em Porto Alegre<div style="text-align: justify;">Na última semana estivemos intensamento envolvidos com um congresso mundial que ocorreu por aqui, em Porto Alegre. Acreditando na oportunidade de colocar lado a lado a nossa prática e o</div><div style="text-align: justify;">conhecimento e experiência do "mundo civilizado" europeu e norte-americano, levamos a nossa versão dos fatos para lá com a idéia de apresentar nosso trabalho e pensamento e também de conhecer o panorama mundial do urbanismo e da habitação um pouco melhor. Ao menos o tanto que se consegue a partir de um congresso.</div><div style="text-align: justify;">Pretendo aqui fazer um rápidíssimo relato - entre outras tarefas profissionais - dos pontos que mais chamaram a atenção ao longo do Congresso. Em uma série de posts, pretendo contar um pouco de cada palestra, comunicação, etc.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div>Alê: o Pereirahttp://www.blogger.com/profile/06378532014366746284noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-30232705600259967942010-09-03T11:58:00.009-03:002010-09-03T12:22:59.924-03:00Planos Locais de Habitação e o dilema de pensar no futuro no Brasil<h2><span class="Apple-style-span" style="font-family:Arial, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"></span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">O ESTABELECIMENTO CONTEMPORÂNEO DA POLÍTICA HABITACIONAL MUNICIPAL</span></i></span></h2> <p class="MsoNormal" style="margin-top:6.0pt;text-align:justify;text-justify: inter-ideograph"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Os Planos Locais de Habitação de Interesse Social (PLHIS) são a expressão na escala municipal da política habitacional do governo federal a partir do estabelecimento do Estatuto das Cidades em 2001. A grande tarefa é, num sentido mais estreito, criar o planejamento deste tema nos Brasil inteiro, a partir de diretrizes universalizantes da escala federal que vão se transformando em políticas públicas na escala municipal na forma de programas, projetos e ações de curto, médio e longo prazo.<br /><br />Como não é interesse aqui apresentar o que são os PLHIS ou discorrer generalizadamente sobre eles, proponho abrir a discussão com este tema mais específico, resistindo ao impulso de derivar para críticas ou promessas metodológicas e operacionais de soluções para a habitação.<br /><br />A formulação do PLHIS deve ser oportunidade de organização das ações do município – ações existentes ou não, desencontradas, fragmentadas, escassas, ocasionais – rumo a uma política habitacional. Nesse sentido, é – após o Plano Diretor, que em tese todos os municíopios fizeram e vivenciaram como “fenômeno” social e político – uma iniciativa que recoloca a chance de estudar e entender a cidade, explicitando sua estrutura física e sócio-econômica, sempre em bases espaciais, determinando, portanto, </span></span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">o que</span></span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">, </span></span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">como</span></span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"> e principalmente </span></span><b><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">onde</span></span></i></b><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">). <o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-top:6.0pt;text-align:justify;text-justify: inter-ideograph"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Formaliza, portanto, a política pública de habitação de maneira a orientar e a permitir seu acompanhamento a curto, médio e longo prazo. Em consonância com o </span></span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Sistema</span></span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"> Nacional de Habitação de Interesse Social, os municípios também devem compor seus próprios </span></span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Sistemas</span></span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"> Municipais. A tese aqui é a de que se afastarão do causuismo ou oportunismo de buscar os recursos disponíveis baseados na conjuntura ou nas alianças políticas e econômicas de cada momento em direção a um caminho sustentado, analisado, verificável e previsível no tempo e espaço. </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"> </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Não serão os técnicos envolvidos com a realidade cotidana dos municípios e as caracerísticas mais terrenas – ou mesmo poeirentas – de seus territórios, no entanto, que acreditarão ou repetirão de maneira hipócrita uma hipótese que sabem não se consolidar imediatamente e que enfrentará, hoje ainda e por bastante tempo, resistências e contradições estruturais da gestão pública brasileira.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-top:6.0pt;text-align:justify;text-justify: inter-ideograph"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Os PLHIS entram como que “vestidos para a ocasião errada”, numa cultura de imediatismo não-planejado, pouco transparente e, de maneira mais grave na provisão habitacional que em outros segmentos, marcada pelo populismo eleitoral. Técnicos e funcionários municipais despreparados para a famosa </span></span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">accountability</span></span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"> junto a sociedade, que têm visão formalista da prestação de contas e entendem a co-gestão como entrave na aplicação de sua experiência em ações práticas; estruturas de gestão labirínticas, conselhos pouco ou sequer organizados, fundos municipais sem recursos ou diretrizes de aplicação e execução dos instrumentos urbanísticos para gestão da terra inexistente ou circunscrita a formalização das tragédias existentes são alguns das contradições sobre as quais se sobrepõem em uma situação onde mesmo os Planos Pluri-anuais são o reconhecimento dos grandes volumes ocupados com as despesas municipais e da pequena parcela disponível – como um resto – para investimentos e melhoria dos serviços públicos.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-top:6.0pt;text-align:justify;text-justify: inter-ideograph"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Nesse contexto, percebe-se que, apesar de sua formalização e ideario “republicano” de execução, a política habitacional idealizada e cuja vanguarda são os PLHIS depende – para sua consolidação enquanto modelo de gestão prevalente – de saltos qualitativos importantes em todos os níveis de governo e que produzam impacto junto a sociedade civil – organizada social ou mercadológicamente. É interessante portanto – de maneira paradoxal ao menos – notar que no mesmo momento histórico em que o Governo Federal consolida – através de intenso e dispendioso esforço – o planejamento nacional do desenvolvimento urbano, desenvolve o maior programa habitacional da história do país (em termos de volume de recursos destinado ao menos) sem que este atente, sequer em suas idealizadas diretrizes, ao planejamento das cidades. <o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-top:6.0pt;text-align:justify;text-justify: inter-ideograph"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Visto pelo ângulo da finalidade, o PLHIS é elhor do que o Plano Diretor, por ser mais concreto, objetivo, real, desde a sua finalidade – que impõe uma abordagem determinada por tratar de um tema específico – a habitação – e por exigir a construção de um </span></span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">projeto </span></span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">ao seu final. Gera um documento que efetivamente serve como guia, como </span></span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">plano</span></span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">, ao propor ações e programas bem determinados, cronogramas, fontes de financiamento, metas e mesmo um sistema de monitoramento permanente com atenção a eficiência das ações e eficácia dos programas.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"> </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-top:6.0pt;text-align:justify;text-justify: inter-ideograph"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Esta condição formalizada dos encaminhamentos da política habitacional através de documento público – o Plano propriamente dito – é dos aspectos mais importantes na relação do poder público e população no âmbito da política habitacional. Para além dos quesitos de organização da gestão e mais próximo da execução das ações das políticas públicas, os PLHIS estabelecem caminhos com um princípio diagnosticado, pontos intermediários verificáveis e final objetivo para a ação de combate ao déficit que pode, de maneira facilitada (mas não garantida), abrigar a deliberação da sociedade através das estruturas conselhistas criadas. As ações passam a contar com termômetro de sua efetivação, que atesta a velocidade e qualidade com as quais produzem a cidade através da habitação social. Este aspecto instrumental da formalização da situação habitacional das cidades permite tanto aos gestores públicos interessados quanto a sociedade demandante organizada e o empresariado através de seus interesses realizar atividades de consertação de suas ações com horizontes a médio e longo prazo.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-top:6.0pt;text-align:justify;text-justify: inter-ideograph"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Assim, mesmo tendo característica administrativa – a sua base – tem desdobramentos espaciais e na forma de </span></span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">propostas</span></span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"> (de investigação, como proposição de cenários, estudo de “viabilidades” e outros) concretas de curto prazo e sob a responsabilidade de agentes (desde já) determinados (poder público e privados articulados) ao contrário do Plano Diretor que é uma “carta de intenções” que remete a uma cidade ideal cuja concretização se dá em longo prazo e por múltiplos agentes desarticulados, ou seja, não se sabe </span></span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">quem</span></span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"> fará o que e o cenário dificilmente se realiza, a bem dizer </span></span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">nunca se realiza por completo</span></span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-top:6.0pt;margin-right:0cm;margin-bottom:0cm; margin-left:0cm;margin-bottom:.0001pt;text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Repete, portanto, a estruturação mencionada acima de maneira territorial e através de agentes e escopos definidos. Encarna essa visão do compartilhamento das responsabilidades – e do poder e benefícios – sobre a política habitacional onde a sociedade como um todo deve atuar. Seja através de punições ao mau-uso e incentivos ao uso da terra urbana, esclarecimento quanto a destinação dos espaços da cidade, fomento a ação organizada das populações mais interessadas na produção pública de habitação, promoção da ação privada e organização dos investimentos públicos, os PLHIS podem consolidar em bases territoriais – reais e vivenciáveis portanto – as políticas públicas de habitação em escala local.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-top:6.0pt;margin-right:0cm;margin-bottom:0cm; margin-left:0cm;margin-bottom:.0001pt;text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Este potencial depende logicamente das condições e dos limites impostos a sua formulação pelos diferentes agentes responsáveis e inerentes a sua aplicação pelo poder público sociedade civil dos municípios. No que tange aos técnicos envolvidos na sua produção enquanto documento, percebem-se contradições e limites da prática profissional. Alguns auto-impostos, outros conjunturais, mas que apontam a um grau de desigualdade entre os diversos PLHIS produzidos recentemente. Pretende-se explorar um pouco mais estes aspectos do “processo PLHIS” nos posts que seguirão este, se tudo correr bem.</span></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top:6.0pt;margin-right:0cm;margin-bottom:0cm; margin-left:0cm;margin-bottom:.0001pt;text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="Apple-style-span" style=" ;font-family:arial;font-size:small;"><b><i>Este artigo está sendo escrito a seis mãos, entre mim e os arquitetos Júlio C. Vargas e Tiago Holzmann da Silva.</i></b></span></p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Alê: o Pereirahttp://www.blogger.com/profile/06378532014366746284noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-5319393302618426682010-09-03T11:18:00.002-03:002010-09-03T11:58:03.423-03:00DAS HABITATEPor aqui andamos escrevendo artigos sobre temas habitados como a Comunidade Autônoma Utopia e Luta e sobre os Planos de Habitação.<div>Vou aproveitar e colocar algumas das discussões que temos tido menos moderadamente por aqui enquanto a versão final e mais séria não sai.</div><div><br /></div>Alê: o Pereirahttp://www.blogger.com/profile/06378532014366746284noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-73476994141295539022010-08-10T15:37:00.004-03:002010-09-03T12:23:35.752-03:00Pra não deixar passar<span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Achei um artigo muy interessante no "tanque de pensamento" </span><a href="http://archis.org/"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Archis</span></a><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"> (derivado do </span><a href="http://oma.eu/"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">OMA</span></a><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"> de várias maneiras e que publica a revista Volume nos EUA). É em inglês, mas trata de temas muito próximos dos quais falamos aqui no blorum faz tempo (ver as </span><a href="http://arqforum.blogspot.com/2008/11/estruturas-variao-conexo-e-liberdades.html"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">variações</span></a><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">, </span><a href="http://arqforum.blogspot.com/2009/05/futurismus.html"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">futurismus</span></a><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">). Vai lá:</span><div><br /></div><div><span class="Apple-style-span" style=" color: rgb(68, 68, 68); line-height: 20px; font-family:Georgia, Verdana, Arial, sans-serif;font-size:14px;"><h2 class="pagetitle" style=" margin-bottom: -10px; margin-top: 0px; text-align: left; font-weight: normal; line-height: normal; color: rgb(0, 151, 198); text-decoration: none; font-family:Georgia;font-size:30px;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(68, 68, 68); line-height: 20px; font-family:Georgia, Verdana, Arial, sans-serif;font-size:14px;"><h2 class="pagetitle" style="font-family: Georgia; margin-bottom: -10px; margin-top: 0px; text-align: left; font-weight: normal; line-height: normal; color: rgb(0, 151, 198); text-decoration: none; "><a href="http://archis.org/action/2010/01/16/reasoning-with-waves-and-the-diagrams/"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Reasoning with Waves and Diagrams</span></a></h2><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><br /></span><span class="post_details"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">January 16th, 2010 | </span><a href="http://www.edwingardner.com/" title="Visit Edwin Gardner's website" rel="external" style="color: rgb(4, 175, 207); text-decoration: none; "><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Edwin Gardner</span></a></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"> </span></span></h2><div><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(68, 68, 68); line-height: 20px; font-family:Georgia, Verdana, Arial, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><br /></span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(68, 68, 68); line-height: 20px; font-family:Georgia, Verdana, Arial, sans-serif;"><strong><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">“the faculty of observing in any given case the available means of persuasion” *</span></strong></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(68, 68, 68); line-height: 20px; font-family:Georgia, Verdana, Arial, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><br /></span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(68, 68, 68); line-height: 20px; font-family:Georgia, Verdana, Arial, sans-serif;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">"When I read this quote I think “Ah, this describes what designers do! This is a description of design thinking, This is an important facet of a designerly way of looking at the world, this is a tenet of architectural intelligence” The only thing that is defined from the outset of an architectural project is a site, a program, a budget and a client - this is the case from which the architect has to abstract the arguments for his/her actions. One can draw parallels from this description to how </span></i><a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Donald_Sch%C3%B6n" style="color: rgb(4, 175, 207); text-decoration: none; "><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Donald Schön</span></i></a><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> explains how the practitioner deals with a situation; the architect has to construct an argument, the design of architectural form, which takes advantage of a set of perceived and carefully selected features found in the situation, things that are there from the outset. (...)</span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">"</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(68, 68, 68); line-height: 20px; font-family:Georgia, Verdana, Arial, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><br /></span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(68, 68, 68); line-height: 20px; "><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">e por aí segue. ></span></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">>Acesse no </span></span><a href="http://archis.org/action/2010/01/16/reasoning-with-waves-and-the-diagrams/"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Archis</span></span></a><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">.org.</span></span></div></span></div>Alê: o Pereirahttp://www.blogger.com/profile/06378532014366746284noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-18604330850929103612010-08-05T19:53:00.003-03:002010-08-17T11:02:15.618-03:00CAMPANHA E PLEBISCITO PELO LIMITE DA PROPRIEDADE DA TERRA<div style="text-align: justify;">Como dá pra entender da charge do Angeli, a questão é bem mais grave do que distribuir a propriedade, o problema fundamental é a propriedade em si. Mas uma coisa nos ocorre, <b>uma base de sietema social que todos acessem pode ser um passo para mudar o próprio sistema? De que forma isso deve ser feito?</b></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbO_P8o6yiJmEtTU-3lK0z5iIqtprfU-bs2wnUMyiQikMAALXMYlHRzviG9ynw0kpQxKVuu9FepZ6VscS5wRPGWs6D_1FU0IBNra8810loVlHrvZohluLPIk2jTxSRy21Qii8OcFxjR4NW/s1600/090716-tudo-propriedade-privada.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="392" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbO_P8o6yiJmEtTU-3lK0z5iIqtprfU-bs2wnUMyiQikMAALXMYlHRzviG9ynw0kpQxKVuu9FepZ6VscS5wRPGWs6D_1FU0IBNra8810loVlHrvZohluLPIk2jTxSRy21Qii8OcFxjR4NW/s400/090716-tudo-propriedade-privada.jpg" width="400" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><b>A campanha</b></div><div style="text-align: justify;">Criada em 2000 pelo Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo (FNRA), a <b>Campanha pelo Limite da Propriedade da Terra: em defesa da reforma agrária e da soberania territorial e alimentar</b>, é uma ação de conscientização e mobilização da sociedade brasileira para incluir na Constituição Federal um novo inciso que limite às propriedades rurais em 35 módulos fiscais. Áreas acima dos 35 módulos seriam automaticamente incorporadas ao patrimônio público.</div><div style="color: #666666; text-align: justify;">Continue lendo <a href="http://www.limitedaterra.org.br/campanha.php?cod=campanha">aqui</a>. </div><div style="color: #666666; text-align: justify;"><br />
</div><h2 style="font-weight: normal;"><b><span style="font-size: large;">Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra</span></b></h2><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibz345TxPXdAfGzlc241iTd-Qcn_2nkgHSNgAJ_FMGuS2-PXFeiBTd3n1NwbX9NIVKx5d6BJxbS0KUpg7JfsScLxc8TRuZDf-E7YVYqYr2sO6puibauQQ6iE0hlBLNIKseF4q3Uis1LYPi/s1600/marca_site_2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibz345TxPXdAfGzlc241iTd-Qcn_2nkgHSNgAJ_FMGuS2-PXFeiBTd3n1NwbX9NIVKx5d6BJxbS0KUpg7JfsScLxc8TRuZDf-E7YVYqYr2sO6puibauQQ6iE0hlBLNIKseF4q3Uis1LYPi/s320/marca_site_2.jpg" /></a></div><h4 style="text-align: justify;">De 01 a 07 de setembro</h4><div></div><div style="text-align: justify;">Articulado pelo Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo (FNRA), o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra irá consultar a população brasileira sobre o tema entre os dias 01 e 07 de setembro, na Semana da Pátria, junto com o Grito dos Excluídos. Pelo direito à terra e à soberania alimentar: vamos às urnas mostrar nosso poder popular! A participação popular é um direito do povo, pois ela está na essência do conceito de Estado Democrático de Direito. Ela pode ser exercida pela via indireta, quando se elege pelo voto representantes que exercem o poder político em nome do povo, ou pela via direta, quando a sociedade se manifesta diretamente sobre temas relevantes para o país, por meio de plebiscitos, referendos ou iniciativa popular. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Fonte: <a href="http://www.limitedaterra.org.br/index.php">http://www.limitedaterra.org.br/index.php</a><br />
<br />
A propósito, saiu a revista do IHU sobre a questão: <a href="http://www.ihuonline.unisinos.br/media/pdf/IHUOnlineEdicao339.pdf">http://www.ihuonline.unisinos.br/media/pdf/IHUOnlineEdicao339.pdf</a> </div>fliphttp://www.blogger.com/profile/05276940044137861722noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-81339509184848615192009-12-01T16:18:00.010-02:002009-12-01T17:31:09.434-02:00MCMV = Mercatil Interéssis<div style="text-align: justify;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family:verdana;">Tirando um tempo dos atabalhoamentos cotidianos, li o artigo de julho do Pedro Fiori Arantes e da Mariana Fix, arquitetos e urbanistas de São Paulo, sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida. De maneira impressionante - pela clareza e didatismo - eles dissecam alguns aspectos cruciais do Programa em relação as suas capacidades de impacto na sociedade, ao destino dos seus benefícios diretos e indiretos e a sua veracidade enquanto política pública de inclusão social.</span><br /><span style="font-family:verdana;">Sem parecer sensacionalistas e menos ainda ideológico-partidários - ao contrário desnudando as ideologias "embutidas" nos discursos aparentemente "neutros" - eles avaliam, em 11 pontos o Programa, chegando a visões muito claras.</span><br /><span style="font-family:verdana;">Sem me alongar mais, repasso o texto do <a href="http://www.correiocidadania.com.br/">Correio da Cidadania</a>, que orinalmente publicou o texto na sua seção de "Especiais".</span><br /><span style="font-family:verdana;">Aqui o <a href="http://www.correiocidadania.com.br/content/view/3560/9/">link para o artigo</a><a href="http://www.correiocidadania.com.br/content/view/3560/9/"> completo</a> (recomendo essa versão) e abaixo, o texto copiado sem os comentários que gerou no site do Correio da Cidadania.</span><br /></div><br /><span style=";font-family:verdana;font-size:100%;" >"</span><span style=";font-family:verdana;font-size:100%;" ><br /></span><span style=";font-family:verdana;font-size:130%;" >Pacote Habitacional de Lula é a privatização da política urbana</span><br /><br /><span style=";font-family:verdana;font-size:100%;" >O pacote habitacional "Minha casa, minha vida", lançado em abril de 2009, com a meta de construção de um milhão de moradias, tem sido apresentado como uma das principais ações do governo Lula em reação à crise econômica internacional – ao estimular a criação de empregos e de investimentos no setor da construção –, e também como uma política social em grande escala. O volume de subsídios que mobiliza é de 34 bilhões de reais (o equivalente a três anos de Bolsa-Família), para atender a população de 0 a 10 salários mínimos de rendimento familiar. Por isso, o governo Lula tem destacado que o investimento, apesar de focado na geração de empregos e no efeito econômico anticíclico, tem um perfil distributivista, ao contrário do que provavelmente faria a oposição – um conjunto de obras diretamente de interesse do capital. </span><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"><span style="font-size:100%;"> O objetivo declarado do governo federal é dirigir o setor imobiliário para atender à demanda habitacional de baixa renda, que o mercado por si só não alcança. Ou seja, é fazer o mercado habitacional, restrito no Brasil a uma parcela minoritária da população, finalmente incorporar setores que até então não tiveram como adquirir a mercadoria moradia de modo regular e formal. Se as "classes C e D" foram descobertas como "mercado" por quase todas as empresas nos últimos anos, ainda havia limites, numa sociedade extremamente desigual e de baixos salários, para a expansão no acesso a mercadorias caras e complexas, como a moradia e a terra urbanizada. Com o pacote habitacional e o novo padrão de financiamento que ele pretende instaurar, esses limites pretendem ser, se não superados, alargados por meio do apoio decisivo dos fundos públicos e semi-públicos, de modo que a imensa demanda por moradia comece a ser regularmente atendida. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"><span style="font-size:100%;"> Para os mais pobres, o subsídio é alto (entre 60% a 90% do valor do imóvel) e o despejo, no caso de inadimplência, é improvável. Para os demais, que entram em financiamentos convencionais, mas também subsidiados, o governo estabeleceu um "fundo garantidor" para cobrir prestações em atraso e preservar o sistema. O pacote é generoso com todos os que conseguirem nele entrar. Para as construtoras, a promessa é que "haverá para todos, grandes e pequenos", como se manifestou um empresário da construção recentemente. Entretanto, para os sem-teto, o atendimento previsto é para apenas 14% da demanda habitacional reprimida, do nosso déficit habitacional de ao menos 7,2 milhões de casas. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"><span style="font-size:100%;"> A seguir pretendemos apresentar uma discussão preliminar do pacote, a partir das informações, medidas e instruções normativas que foram divulgadas até o momento (julho de 2009), por meio de algumas questões que nos auxiliam a compreendê-lo. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"> <span style="font-size:100%;"><b>1) Qual é o modelo de provisão habitacional que o pacote favorece?</b></span> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"><span style="font-size:100%;"> 97% do subsídio público disponibilizado pelo pacote habitacional, com recursos da União e do FGTS, são destinados à oferta e produção direta por construtoras privadas, e apenas 3% a entidades sem fins lucrativos, cooperativas e movimentos sociais, para produção de habitação urbana e rural por autogestão. O pacote não contempla a promoção estatal (projetos e licitações comandados por órgãos públicos), que deve seguir pleiteando recursos através das linhas existentes, com fundos menores, muito mais concorridos, e restrições de modalidades de acesso e de nível de endividamento. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"><span style="font-size:100%;"> Esse perfil de investimento já indica qual o modelo claramente dominante e a aposta na iniciativa privada como agente motora do processo. A justificativa é a dificuldade do poder público (sobretudo municipal) na aplicação de recursos induzindo o governo federal a optar por uma produção diretamente de mercado. Desse modo, ao invés de atuar para reverter o quadro de entraves à gestão pública, fortalecendo-a, assume a premissa de que a eficiência está mesmo do lado das empresas privadas. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"><span style="font-size:100%;"> A produção por construtoras, para a faixa de mais baixa renda, entre 0 e 3 salários mínimos por família (até 1.394 reais), é por oferta privada ao poder público, com valores entre 41 e 52 mil reais por unidade, dependendo do tipo de município e da modalidade de provisão (casas ou apartamentos). Uma produção "por oferta" significa que a construtora define o terreno e o projeto, aprova junto aos órgãos competentes e vende integralmente o que produzir para a Caixa Econômica Federal, sem gastos de incorporação imobiliária e comercialização, sem risco de inadimplência dos compradores ou vacância das unidades. O acesso às unidades é definido a partir de listas cadastradas pelas prefeituras. Nas faixas imediatamente superiores, de 3 a 10 salários por família, ou de "mercado popular", são previstas 600 mil unidades. Nesse caso a comercialização é feita diretamente pelas empresas e o interessado vai diretamente aos estandes de vendas ou aos cada vez mais concorridos "feirões da casa própria" patrocinados pela Caixa. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"> <span style="font-size:100%;"><b>2) O pacote irá mesmo beneficiar as famílias que mais precisam? </b></span> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"><span style="font-size:100%;"> A história do subsídio habitacional no Brasil é conhecida pela constante captura da subvenção pelas classes médias e agentes privados, ao invés de atender, na escala necessária, os trabalhadores que mais precisam. Embora essa tendência deva novamente prevalecer, há que se considerar o interesse político e eleitoral do governo em atingir a base da pirâmide. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"><span style="font-size:100%;"> De um lado, o governo quer que o subsídio favoreça o deslocamento do mercado imobiliário para faixas de baixa renda, onde obtém maiores dividendos políticos, enquanto o mercado quer aproveitar o pacote para subsidiar a produção para classe média e média-baixa, onde obtém maiores ganhos econômicos. Em ambos os casos, o mercado depende do governo para expandir a oferta e não do sistema privado de crédito, como nos países centrais. Ou seja, é um mercado que não é plenamente capitalista e acaba alimentado pelos fundos públicos. De outro lado, o governo depende do mercado para implementar uma política social, pois o sucateamento dos órgãos públicos, das secretarias de habitação e das Cohabs, além de questões ideológicas, impedem uma ação dirigida predominantemente pelo Estado. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"><span style="font-size:100%;"> O perfil de atendimento previsto pelo pacote revela, porém, o enorme poder do setor imobiliário em dirigir os recursos para a faixa que mais lhe interessa. O déficit habitacional urbano de famílias entre 3 e 10 salários mínimos corresponde a apenas 15,2% do total, mas receberá 60% das unidades e 53% do subsídio público. Essa faixa poderá ser atendida em 70% do seu déficit, satisfazendo o mercado imobiliário, que a considera mais lucrativa. Enquanto isso, 82,5% do déficit habitacional urbano concentra-se abaixo dos 3 salários mínimos, mas receberá apenas 35% das unidades do pacote, o que corresponde a 8% do total do déficit para esta faixa. No caso do déficit rural, a porcentagem é pífia, 3% do total. Tais dados evidenciam que o atendimento aos que mais necessitam se restringirá, sobretudo, ao marketing e à mobilização do imaginário popular. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"> <span style="font-size:100%;"><strong><span style="color: rgb(0, 0, 0);">Descolamento entre atendimento do pacote e perfil do déficit</span></strong> </span> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div> <span style=";font-family:verdana;font-size:100%;" ><img style="width: 402px; height: 228px;" src="http://www.correiocidadania.com.br/images/stories/especiais/imagens/pcthabitacional_1.jpg" alt="Image" hspace="6" /></span> <div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"> <span style="font-size:100%;"><strong>Fonte:</strong> elaboração própria a partir de dados da Fundação João Pinheiro para o déficit<br />calculado com base no IBGE para o ano 2000. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"> <span style="font-size:100%;"><strong><span style="color: rgb(0, 0, 0);">A faixa de 3 a 10 SM é a maior beneficiada, graças ao interesse do mercado</span></strong></span> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"> <span style="font-size:100%;"><img style="width: 389px; height: 241px;" src="http://www.correiocidadania.com.br/images/stories/especiais/imagens/pcthabitacional_2.jpg" alt="Image" hspace="6" /></span> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"> <span style="font-size:100%;"><strong>Fonte:</strong> elaboração própria a partir de dados da Fundação João Pinheiro para<br />o déficit calculado com base no IBGE para o ano 2000. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"> <span style="font-size:100%;"><b>3) Como o pacote mobiliza a ideologia da "casa própria"?</b></span> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"> O pacote habitacional e sua imensa operação de marketing retomam a "ideologia da casa própria" que foi estrategicamente difundida no Brasil durante o regime militar, como compensação em relação à perda de direitos políticos e ao arrocho salarial. A promessa de casa própria, como marco da chamada "integração" social, já se viu, pode ser utilizada como substitutiva da emergência histórica do trabalhador como sujeito que controla a mudança social (seu sentido e alcance). Seja por coerção, cooptação ou consentimento, a promessa da casa própria pode promover um contexto de apaziguamento das lutas sociais e de conformismo em relação às estruturas do sistema. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"> Evidentemente que não se trata apenas de um fenômeno ideológico. A casa própria é percebida e vivida pelas camadas populares como bastião da sobrevivência familiar, ainda mais em tempos de crise e de instabilidade crescente no mundo do trabalho. Ela cumpre um papel de amortecimento diante da incompletude dos sistemas de proteção social e da ausência de uma industrialização com pleno emprego. Para os políticos, esta operação de marketing se faz necessária para amplificar os dividendos eleitorais, pois grande parte do pacote ocorre no plano do imaginário, dada a disparidade entre a promessa e o atendimento previsto. E, para o capital imobiliário, ela também é um excelente negócio. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"> <span style="font-size:100%;"><b>4) O pacote favorece a desmercantilização da habitação, enquanto política de bem-estar social? </b></span> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"> O volume de recursos públicos ou do FGTS destinados a subsidiar a operação dá a entender que se trata de uma imensa operação de distribuição de renda e de "salário indireto". A taxa de subsídio é alta para a faixa de 0 a 3 salários, que deve pagar 10% de seu rendimento ou o mínimo de 50 reais por mês, com juros zero, por um período de 10 anos. Mesmo que o desenho da transferência de renda seja positivo, é preciso compreender quais as intermediações sobre o recurso e seu resultado qualitativo, pois não se trata de uma transferência direta, como no caso do cartão Bolsa-Família. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"> Enquanto o trabalhador recebe uma casa com apenas 32 m<sup>2</sup> de área útil (modelo proposto pela Caixa), provavelmente nas periferias extremas, a empreiteira pode receber por essa casa-mercadoria até 48 mil reais, ou 1,4 mil reais por m<sup>2</sup>. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"> Tal como é desenhado pelo pacote, o subsídio, neste caso, tem a família sem-teto como "álibi social" para que o Estado favoreça, na partição da riqueza social, uma fração do capital, a do circuito imobiliário (construtoras, incorporadoras e proprietários de terra). Na verdade, o subsídio está sendo dirigido ao setor imobiliário tendo como justificativa a "chancela social" da habitação popular. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;font-family:verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify; font-family: verdana;"> <span style="font-size:100%;"><b>5) O pacote colabora para a qualificação arquitetônica e a sustentabilidade ambiental dos projetos de habitação popular? </b></span> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="verdana" style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:arial;"><span style="font-size:100%;"> Mesmo não superando a condição da forma-mercadoria, o pacote poderia pretender qualificar minimamente os projetos de habitação popular, inclusive obtendo os dividendos eleitorais de casas mais funcionais, bonitas e sustentáveis. Para tanto deveria mobilizar agremiações profissionais e universidades, avaliar referências internacionais e nacionais, favorecer critérios de sustentabilidade ambiental etc. Do ponto de vista do processo produtivo, poderia favorecer iniciativas sérias de pré-fabricação, já aproveitando o conhecimento acumulado, por exemplo, pelas fábricas públicas de edificações (como as coordenadas por João Figueiras Lima). </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:arial;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:arial;"><span style="font-size:100%;"> Mas não há preocupação com a qualidade do produto e seu impacto ambiental, a não ser a que é posta pelo próprio capital da construção e suas pífias certificações de qualidade, que garantem na verdade sua viabilidade como mercadoria, ou seja, a ratificação da prevalência do valor de troca sobre o valor de uso. As condições materiais e simbólicas de conjuntos habitacionais desse tipo, como se sabe, promovem a segregação dos trabalhadores e a falta de qualidades mínimas de vida urbana e serviços públicos. Quem mora ou visita conjuntos habitacionais assim reconhece neles o mesmo arquétipo dos presídios. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:arial;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:arial;"> <span style="font-size:100%;"><b>6) O pacote favorece a gestão democrática das cidades e o fortalecimento das administrações municipais?</b></span> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:arial;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:arial;"><span style="font-size:100%;"> Os projetos não são formulados a partir do poder público ou da demanda organizada, não são licitados, não são definidos como parte da estratégia municipal de desenvolvimento urbano e podem inclusive contrariá-la. São estritamente concebidos como mercadorias, rentáveis a seus proponentes. Os municípios não têm um papel ativo no processo a não ser na exigência de que se cumpra a legislação local, quando muito. Não são fortalecidas as estruturas municipais de gestão, projetos e controle do uso do solo. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify;font-family:arial;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: arial;"><span style="font-size:100%;"> É provável ainda que os municípios sejam pressionados a alterar a legislação de uso do solo, os coeficientes de aproveitamento e mesmo o perímetro urbano, para viabilizar economicamente os projetos. As companhias habitacionais e secretarias de habitação devem estar preparadas para se tornar um balcão de "aprovações" e para doar terrenos à iniciativa privada. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: arial;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: arial;"> <span style="font-size:100%;"><b>7) O pacote favorece a reforma urbana e a função social da propriedade?</b></span> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: arial;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: arial;"><span style="font-size:100%;"> Na ânsia de poder viabilizar o maior número de empreendimentos, o poder local ficará refém de uma forma predatória e fragmentada de expansão da cidade. O "nó da terra" permanecerá intocado e seu acesso se dará pela compra de terrenos por valores de mercado (ou ainda acima destes). O modelo de provisão mercantil e desregulada da moradia irá sempre procurar a maximização dos ganhos por meio de operações especulativas. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="arial" style="text-align: justify;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="arial" style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"> Não há nada no pacote, por exemplo, que estimule a ocupação de imóveis construídos vagos (que totalizam 6 milhões de unidades, ou 83% do déficit), colaborando assim para o cumprimento da função social da propriedade. A existência desse imenso estoque de edificações vazias é mais um peso para toda a sociedade, pois são em sua maioria unidades habitacionais providas de infra-estrutura urbana completa, muitas delas inadimplentes em relação a impostos. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="arial" style="text-align: justify;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="arial" style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"> Não há dúvida que o pacote irá estimular o crescimento do preço da terra, favorecendo ainda mais a especulação imobiliária articulada à segregação espacial e à captura privada de investimentos públicos. Assim, a política habitacional de interesse social se tornará cada vez mais inviável, a menos que o governo siga dirigindo subsídios aos proprietários de terra. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="arial" style="text-align: justify;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="arial" style="text-align: justify;"> <span style="font-size:100%;"><b>8) Por que o pacote desconsidera os avanços institucionais recentes em política urbana no Brasil? </b></span> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: arial;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: arial;"><span style="font-size:100%;"> O pacote foi elaborado pela Casa Civil e pelo Ministério da Fazenda, em diálogo direto com os setores imobiliários e da construção, desconsiderando diversos avanços institucionais na área de desenvolvimento urbano bem como a interlocução com o restante da sociedade civil. O Ministério das Cidades (mesmo entregue em 2005 ao PP) foi posto de lado na concepção do programa, o Plano Nacional de Habitação foi ignorado em sua quase totalidade, o Estatuto da Cidade não foi tomado como um elemento definidor dos investimentos, o Conselho das Cidades sequer foi consultado, o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), bem como seu Conselho, foram dispensados. O decreto do pacote ainda define um comitê de acompanhamento formado exclusivamente por integrantes do governo. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: arial;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="arial" style="text-align: justify;"> <span style="font-size:100%;"><b>9) O pacote habitacional é uma política anticíclica acertada?</b></span> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="arial" style="text-align: justify;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;font-family:arial;"><span style="font-size:100%;"> Ele é anunciado como uma política anticíclica com objetivos sociais – que, em última instância, o justificam e parece desobrigar seus propositores de demonstrar seu impacto nas cadeias produtivas. Mesmo que a indústria da construção tenha um efeito multiplicador positivo, no caso da habitação popular, que se reduz praticamente à base dos produtos (cimento, tijolo, areia, madeira etc), o poder multiplicador é muito menor. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p face="arial" style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"><span style="font-size:100%;"> Do ponto de vista da quantidade dos empregos gerados, não há dúvida de que, pela sua baixa composição orgânica (poucas máquinas), a construção civil é uma empregadora maciça. Mas qual a qualidade deste trabalho? O pacote não faz nenhuma exigência em relação às condições de trabalho nos canteiros (sabidamente precárias e cheias de riscos) e não há medidas para fortalecer a legislação e órgãos de fiscalização. A negociação entre governo e construtoras para definir o menor custo viável por unidade deverá redundar, ainda por cima, em um aumento da exploração dos trabalhadores. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"><span style="font-size:100%;"> O tempo lento dos investimentos habitacionais e a preocupação com a rentabilidade privada descaracterizam o pacote como política anticíclica keynesiana. Uma opção teria sido a criação de frentes de trabalho diretamente mobilizadas pelos governos, com gastos dissociados do rentismo imobiliário. Além disso, é preciso lembrar que o governo mantém o superávit primário, mesmo que em menor proporção, quando a base da política anticíclica é a criação de déficit público. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"><span style="font-size:100%;"> Se considerarmos que o pacote não é, na verdade, a melhor política anticíclica, o "emergencial" e o "quantitativo" devem deixar de ser razões absolutas para ser condicionados por determinações mais substantivas, de modo a que prevaleçam critérios urbanos, sociais e ambientais mais adequados para se avaliar e implementar uma política habitacional. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"> <span style="font-size:100%;"><b>10) O pacote fortalece os movimentos populares? </b></span> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"><span style="font-size:100%;"> Os movimentos sociais urbanos e seus apoiadores lutam há décadas por subsídios massivos para a habitação popular. A conquista do subsídio em grande escala, como vemos, pode ser capitaneada pelo capital da construção ao invés de fortalecer as organizações populares. Da perspectiva dos trabalhadores, a luta por quantidades (de recursos, de unidades habitacionais, de famílias atendidas) não pode estar desvinculada das qualidades – isto é, das relações de produção, da concepção dos projetos, das condições de trabalho nos canteiros, do valor de uso das edificações, da forma urbana resultante, enfim, das qualidades de todo o processo social envolvido. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"><span style="font-size:100%;"> Os recursos disponibilizados para a política gerida por entidades sem fins lucrativos, isto é, pelas organizações populares, correspondem a apenas 3% do total do subsídio e é restrita à faixa de 0 a 3 salários mínimos, justamente a que menos interessa às empresas. O recurso limitado também pode promover uma disputa entre os movimentos, que passariam a se digladiar ao invés de questionar a desproporcionalidade de valores em favor das empreiteiras e o modelo geral do pacote. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"> <span style="font-size:100%;"><b>11) O pacote garante a isonomia entre campo e cidade no atendimento à moradia?</b></span> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"><span style="font-size:100%;"> O pacote prevê 500 milhões de reais para o Programa de Habitação Rural. Os valores são irrisórios: menos de 2% do total de subsídio do programa e com teto de 10,6 mil reais por unidade habitacional, o que é claramente inviável para uma construção digna. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"><span style="font-size:100%;"> Do ponto de vista quantitativo são propostas 50 mil unidades habitacionais, o que corresponde a apenas 2,5% do déficit rural, de 1,75 milhões de unidades. Tais recursos não poderão, ainda, ser utilizados em assentamentos de reforma agrária, que deverão contar, daqui em diante, exclusivamente com recursos do Incra. Na verdade, a habitação rural, devido às dificuldades logísticas, distâncias entre lotes e limites para o ganho de escala, não despertou interesse das construtoras. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"><span style="font-size:100%;"> A precarização da política de habitação rural exprime uma incoerência da política habitacional com a de desenvolvimento regional no país, pois favorece o êxodo rural e o crescimento das precárias periferias urbanas. A maior quantidade individual de subsídios destinados à habitação urbana (cerca de 9 vezes maior ao subsídio do Incra) corrobora a divisão cada vez maior entre os padrões de cidadania no campo e na cidade e, por fim, fragiliza a reforma agrária, incentiva a migração e a inviabilidade crescente das próprias cidades. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"> <span style="font-size:100%;"><b>Considerações finais </b></span> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"><span style="font-size:100%;"> O problema da moradia é real e talvez seja um dos mais importantes no Brasil. Contudo o "Minha Casa, Minha Vida" não o formula a partir das características intrínsecas ao problema, mas sim das necessidades impostas pelas estratégias de poder, dos negócios e das ideologias dominantes. Ou seja, o pacote alçou a habitação a um "problema nacional" de primeira ordem, mas o definiu segundo critérios do capital, ou da fração do capital representada pelo circuito imobiliário, e do poder, mais especificamente, da máquina política eleitoral. </span></p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </p><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </div><p style="text-align: justify; font-family: verdana;"><span style="font-size:100%;"> Programas de reforma urbana sensatos já foram formulados no Brasil nos últimos 50 anos, mas, a despeito dos esforços de movimentos populares e de técnicos progressistas, pouco se tornaram efetivos. Essa impossibilidade da reforma urbana no Brasil só pode ser entendida num contexto mais amplo, descrito por Florestan Fernandes como a "impossibilidade de um programa de reformas" em nosso país. No caso das cidades, contudo, um programa socialista nunca foi formulado no Brasil, dado o atraso, o idealismo ou o pragmatismo das discussões nesse campo. É preciso, no entanto, que ele seja imaginado coletivamente pelas forças de esquerda, sob pena de assimilarmos novas derrotas e acumularmos resignações, sem uma perspectiva clara do que fazer e pelo que lutar. </span></p> <p style="font-family:arial;"> <span style="font-size:100%;"><b> Mariana Fix</b> é arquiteta e urbanista formada pela FAU-USP, mestre em sociologia pela FFLCH-USP e doutoranda no Instituto de Economia da UNICAMP. É autora de Parceiros da Exclusão: duas histórias da construção de uma nova cidade em São Paulo e São Paulo Cidade Global: fundamentos financeiros de uma miragem, ambos pela editora Boitempo.<br /><b>E-mail: mfix@uol.com.br </b></span></p><span style=";font-family:verdana;font-size:100%;" ><br /><b>Pedro Fiori Arantes </b></span><span style="font-weight: normal;font-family:verdana;font-size:100%;" >é arquiteto e urbanista, mestre e doutorando pela FAU-USP. É coordenador da Usina, assessoria técnica de movimentos populares em políticas urbanas e habitacionais, e assessor do curso "Realidade Brasileira", da via Campesina. É autor de Arquitetura Nova (Editora 34, 2002), e organizador da coletânea de textos de Sérgio Ferro, Arquitetura e trabalho livre (CosacNaify, 2006).</span><b><span style=";font-family:verdana;font-size:100%;" ><br /></span><span style="font-family:verdana;"><span style=";font-family:verdana;font-size:100%;" >E-mail: pedroarantes@uol.com.br<br />"</span><br /></span></b><p></p><strong><b><br /><strong style="font-weight: normal; font-family: verdana;">Lembrando que a versão integral do texto encontra-se disponibilizada no site do Correio da Cidadania, na seção de Especiais.</strong><br /></b></strong></div>Alê: o Pereirahttp://www.blogger.com/profile/06378532014366746284noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-34017780776527099192009-10-30T11:49:00.004-02:002009-10-30T11:54:40.137-02:00O C.H.U.P.A<span style="font-size:100%;">Mais gente louca com quem queremos aprender sobre política. O CHUPA (Comite Hermético Unificado Porto Alegrense) foiposto pra fora da braguilha revolucionária.</span><span style="font-size:180%;"><br /><br /><a href="http://chupagora.wordpress.com/">http://chupagora.wordpress.com/</a><br /><br /></span>"Num momento em que o deboche se tornou a regra dentro da política usual, só a sacanagem é capaz de responder à altura e desfazer o impasse: dizer o que todo mundo está pensando, mas acha que não pode dizer, porque ainda tenta jogar pelas regras."fliphttp://www.blogger.com/profile/05276940044137861722noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-2756927178967735772009-10-14T21:18:00.000-03:002009-10-14T21:18:51.273-03:00Musica de Revolução<div style="text-align: justify;">Na linha dos acompanhamentos para um mundo futuro, mando essa história dos NetLabels a partir do <a href="http://www.dadaradio.net/">DaDARaDIo</a>.<br />O site é foda, tem muita coisa boa de música, especialmente jazz, uns lances experimentais e umas afrobrasilidades no Estética do Terceiro Mundo. Tudo isso, organizado por categorias, bem formatado e com uma presença gráfica muito boa.<br /><br />Além disso, vai o toque de outro projeto interessante, que é o do <a href="http://barulho.org/">Barulho.org</a>, e de alguns NetLabels, como o <a href="http://phlow-magazine.com/">Phlow</a>, <a href="http://testtube.monocromatica.com/">TestTube</a> e o grande <a href="http://www.jamendo.com/en/">Jamendo</a>.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqghEYeTJavYYoM5FFciwo4LGh5K2aZE0T_MYc8RJrHj1xiv-Lk4tfTzWlE98Yi1URxPBu8AJpr4U8oer80gwtPZj738VoQmC4PmQ5h9aKLgBxHsXnEbn9wdfKvNSly2Hvt0UhWH0Jo4s/s1600-h/dadaRadio.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 511px; height: 58px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqghEYeTJavYYoM5FFciwo4LGh5K2aZE0T_MYc8RJrHj1xiv-Lk4tfTzWlE98Yi1URxPBu8AJpr4U8oer80gwtPZj738VoQmC4PmQ5h9aKLgBxHsXnEbn9wdfKvNSly2Hvt0UhWH0Jo4s/s200/dadaRadio.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5392611628352335058" border="0" /></a><br /><br /><br /><br /><br />Isso aí! É a música em revolução.<br /><br />Paralelos com ARQ existem, mas mostram como nos estamos (ou continuamos) atrás das outras artes. Pergunto-me: porque a arquitetura popular não tem qualidade como a música popular e porque a arquitetura "informada*" não conquista o povo, ou carece de impacto real nas suas oxigenações do pensar e fazer o construído.<br /><br />Será questão de suporte apenas? Claro que música se faz com um dois três ou mesmo vários instrumentos, mas essencialmente todos cabem em uma ou duas peças de uma edificação. Além disso, somos um dos segmentos mais dominados pela grana - base pra nossa atuação tradicional e ainda necessária para quase todas as alternativas.<br /><br />*não quero dizer erudita, porque essa anda parelha com a música erudita, que ninguem escuta e quem escuta não entende hehe<br /></div>Alê: o Pereirahttp://www.blogger.com/profile/06378532014366746284noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-65296248429592903542009-09-15T20:18:00.011-03:002009-09-15T21:16:39.134-03:00Em Processos e Futuros<div style="text-align: justify;"><span style="font-family:verdana;">Pra uma retomada dum assunto e resposta mui rápida duma colocação do </span><a style="font-family: verdana;" href="http://www.blogger.com/profile/05276940044137861722">Flip</a><span style="font-family:verdana;"> num post antigo, vou lançar 2 reportagens do<a href="http://www.archdaily.com/"> ArchDaily</a> pra falar do seguinte:</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">"</span><span style="font-style: italic;font-family:verdana;" >Me parece que estes experimentos verticalizados e de solução unitária (que são um pouco diferentes dos do Constant) são bastante arrogantes. Pra entender o que quero dizer é só perguntar: como podem ser realizados? Quem poderia construir (1. quem vai levar a idéia à realidade, "designar"... sim, porque corremos este risco, e 2. quem vai trabalhar na construção) e a que custo social? Sem esquecer do custo ambiental e da característica masculina (branca, ocidental) de coisas "titanic" com o qual brinquei antes...</span><span style="font-family:verdana;">"<span style="font-size:85%;">[Flip em </span></span><span style="font-size:85%;"><a style="font-family: verdana;" href="http://arqforum.blogspot.com/2009/05/futurismus.html">futurismus</a></span><span style="font-family:verdana;"><span style="font-size:85%;">]</span>.</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">Sobre isso, me parece bem direta a associação - e não menos interessante pacas o comentário do Flip - do </span><span style="font-style: italic;font-family:verdana;" >modo de produção </span><span style="font-family:verdana;">com a "</span><span style="font-style: italic;font-family:verdana;" >macro-tipologia</span><span style="font-family:verdana;">" [horizontal e caóticamente livre] utilizada nas obras do Constant e de Sant'Elia ou do Mies [verticais e produzida por somente um par de mãos desenhantes/designantes], por exemplo.</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">Um objeto qualquer pra ser produzido numa escala verticalizada tende - salvo se relevo e alguma técnica específica ajudarem - a necessitar muito mais coordenação. Principalmente pelo fato de que quase obrigatoriamente a construção será feita de baixo para cima, linearmente oganizada. Claro que a ocupação e uso disso podem ser frutos de processos muito diversos e que há estratégias potenciais para mitigar esse efeito centralizador, especialmente da concepção da obra em questão.</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">Já um objeto horizontalizado tem diversas formas de construir, pode ser de dentro pra fora, de fora pra dentro, do chão a cobertura, iniciar com a cobertura, etc, etc etc. Por necessitar de técnicas mais ao alcance do homem [sem contar com ferramentário específico ou maquinário] as construções mais horizontais se aproximam muito mais do homem-autônomo.</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">É também questão de um bom-senso [de princípio, mas não necessariamente de fim] considerar que as construções mais no chão são mais econômicas energeticamente, especialmente pela diminuição da performance exigida dos materiais e pelo uso de maquinário pra execução e produção dos insumos. Lógico que isso não se sustenta numa lógica urbana, onde ter centros concentrados pode ser muito eficiente, até um ponto ao menos.</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">Dessa conversa obvia e rasteiriça cheia de considerações eu abandono a retórica para lançar os tais posts do <a href="http://www.archdaily.com/">AD</a>, abaixo duas conversas sobre uma obra do Nouvel para Nova Iorque, a "</span><a style="font-family: verdana;" href="http://www.archdaily.com/34972/city-shortens-nouvels-53rd-street-tower/">mais totalitária</a><span style="font-family:verdana;">" e outra, com </span><a style="font-family: verdana;" href="http://www.archdaily.com/29408/alternative-for-53-west-53rd-street-axis-mundi/">uma cara [ao menos] diversa.</a><br /><br /><div style="text-align: right;"><span style="font-family:verdana;">[total - <a href="http://www.jeannouvel.com/">Aterliers Jean Nouvel</a>]</span><br /><a style="font-family: verdana;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.archdaily.com/wp-content/uploads/2009/09/1252621183-momaenlarge.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 196px; height: 361px;" src="http://www.archdaily.com/wp-content/uploads/2009/09/1252621183-momaenlarge.jpg" alt="" border="0" /></a><br /></div><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;"><span style="font-family:verdana;"><br /><br />[carinha faceira - <a href="http://www.axismundi.com/">Axis Mund</a>i]</span><br /></div><a style="font-family: verdana;" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.archdaily.com/wp-content/uploads/2009/07/0-conceptual-illustration.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 388px; height: 272px;" src="http://www.archdaily.com/wp-content/uploads/2009/07/0-conceptual-illustration.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><span style="font-family:verdana;">Com isso o que pretendo? Hora, dar um pouco mais de confusão nessa história. Se olharmos um pouco pra idéia de estrutura do Axis Mundi, imaginamos que seria possível gerar uma estrutura </span> <span style="font-style: italic;font-family:verdana;" >a lá </span><span style="font-family:verdana;">Archigram que permitisse a plugagem desses módulos ou a construção paulatina dos elementos de preenchimento.<br /><br />Nada de novo, mas com uma cara interessante, principalmente se confrontado com o projeto do Nouvel que é tudo da tal afirmação da "</span><span style="font-style: italic;font-family:verdana;" >característica masculina (branca, ocidental)" </span><span style="font-family:verdana;">de que falava Flip logo lá em cima</span><span style="font-style: italic;font-family:verdana;" >.<br /><br /></span><span style="font-family:verdana;">Por outro lado, é justamente nessa carinha bonita que reside um cadafalso: o de que a diversidade das soluções, por sí só ou em grande parte, </span><span style="font-family:verdana;">pode ser responsável por qualquer determinação de </span><span style="font-style: italic;font-family:verdana;" >democratias. </span><span style="font-family:verdana;">Pulando por cima desse discurso pós-mo de balcão, caímos na dúvida do que fazer em direção dessa arquitetura mais aberta a possibilidades e que seja principalmente fruto de um <span style="font-weight: bold;">processo social de autonomia</span>.<br /><br />Acredito que seja exatamente aqui que as chamadas "macro-tipologias" lá de cima contribuem mais pra explicar o fenômeno do desígnio: um espaço que se pretenda dialógico com a sociedade na qual se insere (ou pela qual é produzido) deve ser fruto de conexões sociais espacializadas, sabendo-se capaz, também, de contribuir para </span><span style="font-family:verdana;">socializações </span><span style="font-family:verdana;">diferentes das existentes ou pela intensificação de certas práticas.<br /><br />Nesse sentido, espaço é produto e produtor de sociedade, desde a concepção a simbologia semântica ou sintática que busque. O desenho deste espaço idealmente se converte em meta-desenho, ou na criação de ferramentas para se desenhar abertamente. De maneira defensiva, essas ferramentas tem, pelo pós-Moderno que há entre nós - sido tencionadas em direção ao <span style="font-style: italic;">não-desenho </span>[uma vez que o Moderno era justamente o <span style="font-style: italic;">ultra-desenho</span>].<br /><br />Hoje, nos meios sociológicos, urbanístico-participativos e mesmo nos delírios ecologísticos espalhados por aí, diversas posturas processuais na arquitetura buscam diminuir o impacto da mão-projetante enquanto buscam salientar o impacto e a influência na concepção das mãos-construtoras.<br /><br />Não discordo dessa postura - ao menos se for temporária e transitória para um outro estado de projetar - mas acho que é limitada, por se definir como negação de algo sem considerar a sua própria necessidade de negação [a sua superação], necessária uma vez que perca seu caráter de contestação e se transforme em afirmação de outra forma totalizante.<br /><br />Se no futuro conseguirmos pensar em maneiras de trabalhar o projeto e a edificação socialmente, espero que isso se dê de maneira a incluir essa dialética da relação entre projeto e a sociedade. </span><span style="font-family:verdana;">Enquanto isso, continuamos. Desconfiando.</span><span style="font-style: italic;font-family:verdana;" ><br /></span></div>Alê: o Pereirahttp://www.blogger.com/profile/06378532014366746284noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-51658702351242937172009-08-23T13:22:00.005-03:002009-08-27T00:31:18.364-03:00PSICHO Y<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbP0LFIJZTZhFFE9c6Sv1XIKHZc74gXQSugP2qs83Xt8xh5A_N7GE3lVJtL24-itHlzCIAVto0JQ8sgr0rmB4bb-sqkMtkgDgn7fsv3HQ5iUYryImUBi55Rg97asvESXAB1xVz6L8IgqC-/s1600-h/Yeda+Crusius.gif"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 284px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbP0LFIJZTZhFFE9c6Sv1XIKHZc74gXQSugP2qs83Xt8xh5A_N7GE3lVJtL24-itHlzCIAVto0JQ8sgr0rmB4bb-sqkMtkgDgn7fsv3HQ5iUYryImUBi55Rg97asvESXAB1xVz6L8IgqC-/s400/Yeda+Crusius.gif" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5373195454767353090" border="0" /></a><div face="verdana" style="text-align: justify;"><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:595.3pt 841.9pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:35.4pt; mso-footer-margin:35.4pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);"><span style="color: rgb(102, 102, 102); font-weight: bold;">NOTA PÚBLICA SOBRE O ASSASSINATO DE ELTON BRUM PELA BRIGADA MILITAR DO RS</span><o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);">21 de agosto de 2009<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);">NOTA PÚBLICA SOBRE O ASSASSINATO DE ELTON BRUM PELA BRIGADA MILITAR DO RIO GRANDE DO SUL<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);">O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vem a público manifestar novamente seu pesar ela perda do companheiro Elton Brum, manifestar sua solidariedade à família e para:<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);">1. Denunciar mais uma ação truculenta e violenta da Brigada Militar do Rio Grande do Sul que resultou no assassinato do agricultor Elton Brum, 44 anos, pai de dois filhos, natural de Canguçu, durante o despejo da ocupação da Fazenda Southall em São Gabriel. As informações sobre o despejo apontam que Brum foi assassinado quando a situação já encontrava-se controlada e sem resistência. Há indícios de que tenha sido assassinado pelas costas.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);">2. Denunciar que além da morte do trabalhador sem terra, a ação resultou ainda em dezenas de feridos, incluindo mulheres e crianças, com ferimentos de estilhaços, espadas e mordidas de cães.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);">3. Denunciamos a Governadora Yeda Crusius, hierarquicamente comandante da Brigada Militar, responsável por uma política de criminalização dos movimentos sociais e de violência contra os trabalhadores urbanos e rurais. O uso de armas de fogo no tratamento dos movimentos sociais revela que a violência é parte da política deste Estado. A criminalização não é uma exceção, mas regra e necessidade de um governo, impopular e a serviço de interesses obscuros, para manter-se no poder pela força.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);">4. Denunciamos o Coronel Lauro Binsfield, Comandante da Brigada Militar, cujo histórico inclui outras ações de descontrole, truculência e violência contra os trabalhadores, como no 8 de março de 2008, quando repetiu os mesmos métodos contra as mulheres da Via Campesina.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);">5. Denunciamos o Poder Judiciário que impediu a desapropriação e a emissão de posse da Fazenda Antoniasi, onde Elton Brum seria assentado. Sua vida teria sido poupada se o Poder Judiciário estivesse a serviço da Constituição Federal e não de interesses oligárquicos locais.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);">6. Denunciamos o Ministério Público Estadual de São Gabriel que se omitiu quando as famílias assentadas exigiam a liberação de recursos já disponíveis para a construção da escola de 350 famílias, que agora perderão o ano letivo, e para a saúde, que já custou a vida de três crianças. O mesmo MPE se omitiu no momento da ação, diante da violência a qual foi testemunha no local. E agora vem público elogiar ação da Brigada Militar como profissional.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);">7. Relembrar à sociedade brasileira que os movimentos sociais do campo tem denunciado há mais de um ano a política de criminalização do Governo Yeda Crusius à Comissão de Direitos Humanos do Senado, à Secretaria Especial de Direitos Humanos, à Ouvidoria Agrária e à Organização dos Estados Americanos. A omissão das autoridades e o desrespeito da Governadora à qualquer instituição e a democracia resultaram hoje em uma vítima fatal.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);">8. Reafirmar que seguiremos exigindo o assentamento de todas as famílias acampadas no Rio Grande do Sul e as condições de infra-estrutura para a implantação dos assentamentos de São Gabriel.<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);">Exigimos Justiça e Punição aos Culpados!<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);">Por nossos mortos, nem um minuto de silêncio. Toda uma vida de luta!<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);">Reforma Agrária, por justiça social e soberania popular!<o:p></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; color: rgb(51, 51, 51);">Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra</p> </div>fliphttp://www.blogger.com/profile/05276940044137861722noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-24336969822670926822009-08-16T16:43:00.008-03:002009-08-16T16:56:29.912-03:00INIMIGOS<div style="text-align: right;"><div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWTEqE0djzxfvujoPtm3-IqYo1O5WmzKU4XbY4kTBLx0IgoW2y5q0wNizrcnyoJMfd5n12jvi-7juDQ0IjZ_V2DjD_BOIAzN5GSySqKLFaF-YbTYxyf7QTgbWylJCwHnM2TAixUyw4XdpC/s1600-h/bush.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 264px; height: 350px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWTEqE0djzxfvujoPtm3-IqYo1O5WmzKU4XbY4kTBLx0IgoW2y5q0wNizrcnyoJMfd5n12jvi-7juDQ0IjZ_V2DjD_BOIAzN5GSySqKLFaF-YbTYxyf7QTgbWylJCwHnM2TAixUyw4XdpC/s400/bush.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5370650442494948498" border="0" /></a><span class="textoDourado" style="font-family:verdana;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-weight: bold;">Auto-retrato matando George Bush</span></span></span><br /></div><span class="textoPeq1"><span style="font-size:78%;"><span style="font-family:verdana;">2005/carvão sobre papel/ 200x150 cm</span></span></span><br /></div><span class="textoPeq1"><br /></span><div style="text-align: right;"><div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoa9cD5zudTTMcGVEB7RTLxVE89F28Dyll8zwfdI0BCMnIjfUjAOutxmZ2PeroLlfBJmAY9Byg_3gK0pR19yVYgTN5lV-BXEoNkLgdVABnVLhxfZgDSpwT_R44UkoTl2qK91nBWO7yWmEx/s1600-h/fhc.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 262px; height: 350px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoa9cD5zudTTMcGVEB7RTLxVE89F28Dyll8zwfdI0BCMnIjfUjAOutxmZ2PeroLlfBJmAY9Byg_3gK0pR19yVYgTN5lV-BXEoNkLgdVABnVLhxfZgDSpwT_R44UkoTl2qK91nBWO7yWmEx/s400/fhc.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5370650521730452898" border="0" /></a><span style="font-size:85%;"><span style="font-weight: bold;font-family:verdana;" class="textoDourado" >Auto-retrato matando Fernando Henrique Cardoso</span></span><br /></div><span class="textoPeq1" style="font-family:verdana;"> <span style="font-size:78%;">2005/carvão sobre papel/200x150 cm<br /><br /></span></span></div><div style="text-align: right;"><div style="text-align: center;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj62PwDjtR6QmPzC1xkdnUtQszqbr4yLKfHqK1IoAw8pSIDf3T-VIMUPWnDTrxp2641En8weAPKqKVkH57_wxJxCMDIOGDrzxSheBqTLGt9juIYtWwQkLVAHTMMCMurDypzsqCn7_lCFK5G/s1600-h/lula.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 264px; height: 350px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj62PwDjtR6QmPzC1xkdnUtQszqbr4yLKfHqK1IoAw8pSIDf3T-VIMUPWnDTrxp2641En8weAPKqKVkH57_wxJxCMDIOGDrzxSheBqTLGt9juIYtWwQkLVAHTMMCMurDypzsqCn7_lCFK5G/s400/lula.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5370650604037736194" border="0" /></a><span style="font-size:85%;"><span style="font-weight: bold;font-family:verdana;" class="textoDourado" >Auto-retrato matando Lula</span></span><br /></div><span class="textoPeq1"><span style="font-family:verdana;"> <span style="font-size:78%;">2005/</span></span><span style="font-size:78%;"><span style="font-family:verdana;">carvão sobre papel</span>/<span style="font-family:verdana;">200x150 cm<br /><br /></span></span></span></div><span class="textoPeq1"><span style="font-size:180%;"><a style="font-family: verdana;" href="http://www.gilvicente.com.br/">http://www.gilvicente.com.br/</a></span><br /></span><span class="texto_noticias3" id="texto_noticias3" style="font-size:100%;"><i><span style="font-weight: bold;">O que: </span>mostra Inimigos, de Gil Vicente<br /><span style="font-weight: bold;">Quando:</span> de 6 de agosto a 5 de setembro, de segunda a sábado, das 14h às 19h</i><i><br /><span style="font-weight: bold;">Onde:</span> Atelier Subterrânea (Independência, 745)<br /><span style="font-weight: bold;">Quanto:</span> entrada franca</i></span>fliphttp://www.blogger.com/profile/05276940044137861722noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-68276231224953487972009-08-09T13:16:00.002-03:002009-08-09T13:19:18.519-03:00Se precisasse dizer algo mais...<div style="text-align: right;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBGpOtZ02CN2RoB2a72y0AUz9SG40K1ygBz96wv3exySeZevEzf-NltC-FoKqmzh1sLygpQmvAQbwMGAOEw-YvhxI8RE70q7jdnrdNb3ZdskVPS9Zdk4BDiKhWeJatm_BcUbwyQS-H0OX_/s1600-h/bush_obama_imperialism.preview.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 278px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBGpOtZ02CN2RoB2a72y0AUz9SG40K1ygBz96wv3exySeZevEzf-NltC-FoKqmzh1sLygpQmvAQbwMGAOEw-YvhxI8RE70q7jdnrdNb3ZdskVPS9Zdk4BDiKhWeJatm_BcUbwyQS-H0OX_/s400/bush_obama_imperialism.preview.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5367998950990707442" border="0" /></a>...tentaríamos. <span style="font-weight: bold;">A montagem fala</span>.<br /></div>fliphttp://www.blogger.com/profile/05276940044137861722noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-6712762080863487092009-07-31T20:42:00.003-03:002009-07-31T20:45:25.394-03:00MUTIRÃO NO CASATIERRA<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh29QqUop_D2zdgXLio5hzWo4vbeQSgHYfASKxNNAGxnMXQvN3XvPBTzFPdi9OX9435lgb42XdIaurCYYLl5TaBnBRsu1UkKwqvFmm2yQVcQIyeZCoe6tb5vU5G5xpLYD3FAPMVWgXyd02d/s1600-h/casatierra+convida+lower.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 276px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh29QqUop_D2zdgXLio5hzWo4vbeQSgHYfASKxNNAGxnMXQvN3XvPBTzFPdi9OX9435lgb42XdIaurCYYLl5TaBnBRsu1UkKwqvFmm2yQVcQIyeZCoe6tb5vU5G5xpLYD3FAPMVWgXyd02d/s400/casatierra+convida+lower.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5364774179789776226" border="0" /></a><br /><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Font Definitions */ @font-face {font-family:Calibri; 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border-collapse: collapse; margin-left: 4.8pt; margin-right: 4.8pt;" align="left" border="1" cellpadding="0" cellspacing="0"> <tbody><tr style=""> <td style="border: 1pt solid windowtext; padding: 0cm 5.4pt; width: 432.2pt;" valign="top" width="576"> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:Calibri;">Trabalharemos com técnicas de pau-a-pique, ferro-cimento e reutilização de todo tipo de badulaque que encontramos na rua e guardamos faz tempo... Criatividade será a ordem do dia.<o:p></o:p></span></p> </td> </tr> </tbody></table> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style=""><span style="font-family:Calibri;"><o:p> </o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style=""><span style="font-family:Calibri;"><br /></span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style=""><span style="font-family:Calibri;">Traga algo da sua geladeira ou armário! Faremos almoço e etcéteras comestíveis... Começaremos com um mate bem cevado pra espantar o frio.</span></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /><b style=""><span style="font-family:Calibri;"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style=""><span style=";font-family:Calibri;font-size:8;" ><o:p> </o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=";font-family:Calibri;font-size:16;" >Te localiza:</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /><span style=";font-family:Calibri;font-size:16;" ><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style=""><i style=""><span style=";font-family:Calibri;font-size:14;" >O que:</span></i></b><i style=""><span style=";font-family:Calibri;font-size:14;" > </span></i><span style=";font-family:Calibri;font-size:14;" >mutirão com técnicas de bio-construção.<b style=""><o:p></o:p></b></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style=""><i style=""><span style=";font-family:Calibri;font-size:14;" >Quando:</span></i></b><span style=";font-family:Calibri;font-size:14;" > dia 1° e 2 de agosto, sábado e domingo, iniciando as 9h.<b style=""><o:p></o:p></b></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style=""><i style=""><span style=";font-family:Calibri;font-size:14;" >Onde:</span></i></b><i style=""><span style=";font-family:Calibri;font-size:14;" > CasaTierra - </span></i><span style=";font-family:Calibri;font-size:14;" >Casarão do Arvoredo, R. Fernando Machado 464, garajão.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=";font-family:Calibri;font-size:14;" ><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: right;" align="right"><b style=""><i style=""><span style=";font-family:Calibri;font-size:10;" >*</span></i></b><b style=""><i style=""><span style=";font-family:Calibri;font-size:8;" >Guerrilha </span></i></b><b style=""><i style=""><span style=";font-family:Calibri;font-size:8;" lang="EN-US">never</span></i></b><b style=""><i style=""><span style=";font-family:Calibri;font-size:8;" lang="EN-US"> </span></i></b><b style=""><i style=""><span style=";font-family:Calibri;font-size:8;" lang="EN-US">die</span></i></b><b style=""><i style=""><span style=";font-family:Calibri;font-size:8;" >!<o:p></o:p></span></i></b></p>fliphttp://www.blogger.com/profile/05276940044137861722noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-13721392702590800952009-07-19T16:12:00.007-03:002009-07-26T12:24:26.286-03:00MUSICA PARA REVOLUÇÃO<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/sqHz7cUw4Ls&hl=pt-br&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/sqHz7cUw4Ls&hl=pt-br&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><span style="font-size:78%;">Leia mais sobre na entrevista que abre a SINAL de MENOS com </span><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Font Definitions */ @font-face {font-family:"MS Mincho"; 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Muito do que se pode dizer sobre os textos dessa edição está simbolizado em sua capa: enquanto a produção obstinada e infinita de mercadorias vai transformando o planeta num imenso monturo de lixo, os cadáveres humanos do trabalho e do dinheiro contemplam, acossados pelo tempo abstrato da valorização, cada vez mais sem lastro, a sua própria ruína enquanto sociedade, história, cultura, subjetividade e espaço social e natural. Aliás, esse último aspecto do desastre capitalista, quase ausente em nosso primeiro número, ganha destaque em pelo menos três textos nessa edição.</span> <span style="font-size:85%;"><a href="http://www.sinaldemenos.org/index.php?journal=revista&page=article&op=view&path%5B%5D=21&path%5B%5D=47">Leia mais...</a></span><br /><br />Nesta edição:<br /><br /><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><style> <!-- /* Font Definitions */ @font-face {font-family:"MS Mincho"; panose-1:2 2 6 9 4 2 5 8 3 4; mso-font-alt:"MS 明朝"; mso-font-charset:128; mso-generic-font-family:modern; mso-font-pitch:fixed; mso-font-signature:-536870145 1791491579 18 0 131231 0;} @font-face {font-family:Georgia; panose-1:2 4 5 2 5 4 5 2 3 3; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:roman; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:647 0 0 0 159 0;} @font-face {font-family:"Lucida Sans Unicode"; panose-1:2 11 6 2 3 5 4 2 2 4; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:swiss; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:-2147476737 14699 0 0 191 0;} @font-face {font-family:"\@MS Mincho"; panose-1:2 2 6 9 4 2 5 8 3 4; mso-font-charset:128; mso-generic-font-family:modern; mso-font-pitch:fixed; mso-font-signature:-536870145 1791491579 18 0 131231 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:none; mso-hyphenate:none; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Lucida Sans Unicode"; 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Marques Dias<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"><b style=""><span style="text-transform: uppercase;font-family:Georgia;" lang="FR"><o:p> </o:p></span></b></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"><b style=""><span style="text-transform: uppercase;font-family:Georgia;" lang="FR">Y€$! Nós somos verdes!</span></b><i style=""><span lang="FR" style="font-family:Georgia;"><o:p></o:p></span></i></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;"><i style=""><span style="font-family:Georgia;">Produção mais limpa ou sujeira sem fim? <o:p></o:p></span></i></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;"><i style=""><span lang="FR" style="font-family:Georgia;">Recuperação e revolta dos “excrementos da produção” </span></i><b style=""><span style="text-transform: uppercase;font-family:Georgia;" lang="FR"><span style=""> </span></span></b></span><span style="text-transform: uppercase;font-family:Georgia;font-size:100%;" lang="FR"><span style=""> </span><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:Georgia;font-size:100%;" lang="FR">Daniel Cunha<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: right;" align="right"><span style=";font-family:Georgia;font-size:100%;" lang="FR"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"><b style=""><span style="text-transform: uppercase;font-family:Georgia;" >As vestes negras de Hamlet</span></b><i style=""><span style="font-family:Georgia;"><o:p></o:p></span></i></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;"><i style=""><span style="font-family:Georgia;">A emergência do sujeito moderno como sujeito político <o:p></o:p></span></i></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:Georgia;font-size:100%;" lang="FR">Raphael F. Alvarenga<span style=""> </span><span style=""> </span><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: right;" align="right"><span style="font-size:100%;"><u><span lang="FR" style="font-family:Georgia;"><o:p><span style="text-decoration: none;"> </span></o:p></span></u></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"><b style=""><span style="text-transform: uppercase;font-family:Georgia;" lang="FR">O Abismo do negativo</span></b></span><span style="font-size:100%;"><b style=""><span style="text-transform: uppercase;font-family:Georgia;" lang="FR"><o:p></o:p></span></b></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;"><i style=""><span style="font-family:Georgia;">Baudelaire e a forma fúnebre da beleza moderna<o:p></o:p></span></i></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="color: rgb(0, 0, 0);font-family:Georgia;font-size:100%;" lang="FR">Cláudio R. Duarte<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: right;" align="right"><span style="font-size:100%;"><u><span lang="FR" style="font-family:Georgia;"><o:p><span style="text-decoration: none;"> </span></o:p></span></u></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;"><b style=""><u><span style="text-transform: uppercase; color: rgb(0, 0, 0);font-family:Georgia;" lang="FR"><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Traduções</span><o:p></o:p></span></u></b></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"><b style=""><span style="text-transform: uppercase;font-family:Georgia;" >O Planeta enfermo</span></b></span><span style="font-size:100%;"><b style=""><span style="text-transform: uppercase;font-family:Georgia;" ><o:p></o:p></span></b></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="color: rgb(0, 0, 0);font-family:Georgia;font-size:100%;" >Guy Debord<span style=""> </span><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: right;" align="right"><span style=";font-family:Georgia;font-size:100%;" ><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"><b style=""><span style="text-transform: uppercase;font-family:Georgia;" >Barulho enorme,</span></b></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"><b style=""><span style="text-transform: uppercase;font-family:Georgia;" lang="FR">Viajantes da estrada de ferro<span style=""> </span></span></b></span><span style=";font-family:Georgia;font-size:100%;" lang="FR">e<b style=""><o:p></o:p></b></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"><b style=""><span style="text-transform: uppercase;font-family:Georgia;" lang="FR">Uma comunidade de canalhas</span></b><b><span lang="FR" style="font-family:Arial;"><o:p></o:p></span></b></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="color: rgb(0, 0, 0);font-family:Georgia;font-size:100%;" lang="FR">Franz Kafka<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: right;" align="right"><span style=";font-family:Georgia;font-size:100%;" lang="FR"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size:100%;"><b style=""><u><span style="text-transform: uppercase; color: rgb(0, 0, 0);font-family:Georgia;" lang="FR"><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Leituras e comentÁrios</span><o:p></o:p></span></u></b></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"><b style=""><span style="text-transform: uppercase;font-family:Georgia;" lang="FR"><o:p> </o:p></span></b></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"><b style=""><span style="text-transform: uppercase;font-family:Georgia;" >A estetização da (des)ordem brasileira,</span></b></span><span style="font-size:100%;"><b style=""><span style="text-transform: uppercase;font-family:Georgia;" ><o:p></o:p></span></b></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"><b style=""><span style="text-transform: uppercase;font-family:Georgia;" >segundo José M. Wisnik<span style=""> </span><o:p></o:p></span></b></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:Georgia;font-size:100%;" >Rodrigo Campos Castro<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"><b style=""><span style="text-transform: uppercase;font-family:Georgia;" ><o:p> </o:p></span></b></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"><b style=""><span style="text-transform: uppercase;font-family:Georgia;" >Origens da crítica do direito</span></b></span><span style="font-size:100%;"><b style=""><span style="text-transform: uppercase;font-family:Georgia;" ><o:p></o:p></span></b></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:Georgia;font-size:100%;" >Joelton Nascimento<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:Georgia;font-size:100%;" ><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"><b style=""><span style="text-transform: uppercase;font-family:Georgia;" >Do aspecto não-idêntico do valor de uso</span></b></span><span style="font-size:100%;"><b style=""><span style="font-family:Georgia;"><o:p></o:p></span></b></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size:100%;"><i style=""><span style="font-family:Georgia;">Moishe Postone e a questão do sujeito<b style=""><span style="text-transform: uppercase;"> <o:p></o:p></span></b></span></i></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=";font-family:Georgia;font-size:100%;" lang="FR">Raphael F. Alvarenga<b style=""><span style="text-transform: uppercase;"> </span></b></span><span style="font-size:100%;"><b style=""><span lang="FR" style="font-family:Georgia;"><o:p></o:p></span></b></span></p><br /></div>fliphttp://www.blogger.com/profile/05276940044137861722noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-21532975439168364282009-06-10T02:06:00.003-03:002009-06-10T02:10:48.754-03:00Ludentis<div style="text-align: justify;"><span xmlns=""><p>Desde que comecei a leitura de <em>Homo Ludens</em> de Johan Huizinga eu esperava uma deixa pra introduzi-lo nesse diálogo que temos no blog. Ao invés de contrapor ou ir mais além para dentro da academia, vou dar um passo atrás, colocar fragmentos editados pouco criteriosamente desse texto que de maneira muito tranquilo nos leva num passeio pela civilização humana construindo as bases da cultura e do nosso comportamente e explicitando os elementos lúdicos presentes neles.<br /></p></span><span xmlns=""><p>Sem mais, vamos a alguns fragmentos:<br /></p></span><span xmlns=""><p>HUIZINGA, Johan [tradução João Paulo Monteiro]. <em>Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura.</em> São Paulo: Perspectiva, 2007.<br /></p></span><span xmlns=""><p><strong>Prefácio</strong><br /></p></span><span xmlns=""><p><strong></strong></p><p>Em época mais otimista que a atual, nossa espécie recebeu a designação de <em>Homo sapiens.</em> Com o passar do tempo, acabamos por compreender que afinal de contas não somos tão racionais quanto a ingenuidade e o culto a razão do sécullo XVIII nos fizeram supor, e passou a ser de moda designar nossa espécie como <em>Homo faber</em>. Embora <em>faber</em> não seja uma definição do ser humano tão inadequada como <em>sapiens</em>, ela é, contudo, ainda menos apropriada do que esta, visto que pode servir para designar grande número de animais. Mas existe uma terceira função, que se verifica tanto na vida humana como animal, e é tão importante como o raciocínio e o fabrico de objetos: o jogo. Creio que, depois de <em>Homo faber</em> e talvez ao mesmo nível de <em>Homo sapiens</em>, a expressão <em>Homo ludens</em> merece um lugar na nossa nomenclatura.<br /></p></span><span xmlns=""><p>[...]<br /></p></span><span xmlns=""><p>Assim, o jogo é aqui tomada como fenômeno cultural e não biológico, e é estudado em uma perspectiva histórica, não propriamente científica em sentido restrito. [...] Se eu quisesse resumir meus argumentos sob a forma de teses, uma destas seria que a antropologia e as ciências a ela ligadas têm, até hoje, prestado muito pouca atenção ao conceito de jogo e à importância fundamental do fator lúdico para a civilização.<br /></p></span><span xmlns=""><p>[...]<br /></p></span><span xmlns=""><p><strong>1. Natureza e Significado do Jogo como Fenômeno Cultural</strong><br /></p></span><span xmlns=""><p><strong></strong></p><p>O jogo é mais antigo que a cultura, pois esta, mesmo em suas definições menos rigorosas, pressupõe sempre a sociedade humana; mas, os animais não esperaram que os homens os iniciassem na atividade lúdica. É nos porssível afirmar com segurança que a civilização humana não acrescentou característica essencial alguma à idéia de jogo.<br /></p></span><span xmlns=""><p>[...]<br /></p></span><span xmlns=""><p>Desde já encontramos aqui um aspecto muito importante: mesmo em suas formas mais simples, ao nível animal, o jogo é mais do que um fenômeno fisiológico ou um reflexo psicológico. Ultrapassao os limites da atividade puramente física ou biológica. É uma função <em>significante</em>, isto é, encerra um determinado sentido. No jogo existe alguma coisa " em jogo" que transcende as necessidades imediatas da vida e confere um sentido à ação. Todo jogo significa alguma coisa. Não se explica nada chamando de " instinto" ao princípio ativo que constitui a essência do jogo; chamar-lhe "espírito" ou "vontade" seria dizer demasiado. Seja qual for a maneira como o considerem, o simples fato de o jogo encerrar um sentido implica a presença de um elemento não material em sua própria essência.<br /></p></span><span xmlns=""><p>[...]<br /></p></span><span xmlns=""><p>Se alguma delas [explicações sobre os porquês do jogo] fosse relamente decisiva, ou eliminaria as demais ou englobaria todas em uma unidade maior. A grande maioria, contudo, preocupa-se apenas superficialmente em saber o que o jogo é <em>em sí mesmo</em> e o que ele significa para os jogadores. Abordam diretamente o jogo utilizando-se dos métodos quantitativos das ciências experimentais, sem antes disso rpestarem atenção a seu caráter profundamente estético.[...] E, contudo, é nessa intensidade, nessa fascinação, nessa capacidade de excitar que reside a própria essência e a característica primordial do jogo. O mais simples raciocínio nos indica que a natureza poderia igualmente ter oferecido a suas criaturas todas essas úteis funções de descarga de energoa excessiva, de distensão após um esforço, de preparação para as exigências da vida, etc, soba a forma de exercícios e reações puramente mecânicos. Mas não, ela nos deu a tensão, a alegria e o divertimento do jogo.<br /></p></span><span xmlns=""><p>[...]<br /></p></span><span xmlns=""><p>Este último elemento, o divertimento do jogo, resiste a toda análise e interpretação lógicas. [...] E é ele precisamente que define a essência do jogo. Encontramo-nos aqui perante uma categoria absolutamente primária da vida, que qualquer um é capaz de identificar desde o próprio nível animal. É legítimo considerar o jogo uma "totalidade", no moderno sentido da palavra [...].<br /></p></span><span xmlns=""><p>Como a realidade do jogo ultrapassa a esfera da vida humana é impossível que tenha seu fundamento em qualquer elemento racional, pois nesse caso, limitar-se-ia à humanidade. A existência do jogo não está ligada a qualquer grau determinado de civilização, ou a qualquer concepção do universo. Todo ser pensante é capaz de entender à primeira vista que o jogo possui uma realidade autônoma, mesmo que sua lingua não possua um termo geral capaz de defini-lo. A existência do jogo é inegável. É possível negar, se se quiser, quase todas as abstraçõe: a justiça, a beleza, a verdade, o bem, Deus. É possível negar-se a seriedade, mas não o jogo.<br /></p></span><span xmlns=""><p>[...]<br /></p></span><span xmlns=""><p>As grandesa tividades arquetípicas da sociedade humana são desde o início, inteiramente marcadas pelo jogo. Como por exemplo, no caso da linguagem, esse primeiro e supremo instrumento que o homem forjou a fim de poder comunicar, ensinar e comandar. É a linguagem que lhe permite distinguir as coisas, defini-las e constatá-las, em resumo, designá-las e com esta designação elevá-las ao domínio do espírito. Ma criação da fala e da linguagem, brincando com essa maravilhosa faculdade de designar, é como se o espírito estivesse constantemente saltando entre a matéria e as coisas pensadas. Por detrás de toda expressão abstrata se oculta uma metáfora, e toda a metáfora é jogo de palavras. Assim, ao dar expressão à vida, o homen cria um outro mundo, um mundo poético, ao lado do da natureza.<br /></p></span><span xmlns=""><p>Outro exemplo é o mito, que é também uma transformação ou uma "imaginação" do mundo exterior, mas implica em um processo mais elaborado e complexo do que ocorre no caso das palavras isoladas. O homem primitivo procura, através do mito, dar conta do mundo dos fenômenos atribuindo a este um fundamento divino. Em todas as caprichosas invenções da mitologia, há um espírito de fantasia que joga no extremo limite entre a brincadeira e a seriedade. Se, finalmente, observarmos o fenômeno do cultom verificaremos que as sociedades primitivas celebram seus ritos sagrados, seus sacrifícios, consagrações e mistérios, destinados a assegurarem a tranquilidade do mundo, dentro de um espírito de puro jogo, tomando-se aqui o verdadeiro sentido da palavra.</p></span><br /><span xmlns=""><p>Ora, é no mito e no culto que tem origem as grandes forças instintivas da vida civilizada: o direito e a ordem, o comércio e o lucro, a indústria e a arte, a poesia, a sabedoria e a ciência. Todas elas tem suas raízes no solo primevo do jogo.</p><p>[...]<br /></p></span><span xmlns=""><p>Chegamos assim à primeira das características fundamentais do jogo: o fato de ser livre, de ser ele próprio liberdade. Uma segunda característica, intimamente ligada à primeira, é que o jogo não é vida "corrente" nem vida " real". Pelo contrário, trata-se de uma evasão da vida "real" para uma esfera temporária de atividade com orientação própria.[...] Ele se insinua como atividade temporária, que tem uma finalidade autônoma e se realiza tendo em vista uma satisfação que consiste nessa própria realização. É pelo menos assim que, em primeira instância, ele se nos apresenta: ocmo um <em>intervalo</em> em nossa vida quotidiana. [...] Nessa medida, situa-se numa esfera superior aos processos estritamente biológicos de alimentação, reprodução e autoconservação.<br /></p></span><span xmlns=""><p>[...]<br /></p></span><span xmlns=""><p>O jogo distingue-se da vida "comum" tanto pelo lugar quanto pela duração que ocupa. É esta a terceira de suas características principais: o isolamento, a limitação. É "jogado até o fim" dentro de certos limites de tempo e de espaço. Possui um caminho e sentido próprios.<br /></p></span><span xmlns=""><p>[...]<br /></p></span><span xmlns=""><p>Reina dentro do domínio do jogo uma ordem específica e absoluta. E aqui chegamos a sua outra característica, mais positiva ainda: ele cria ordem e <em>é</em> desordem. Introduz na confusão da vida e na imperfeição do mundo uma perfeição temporária e limitada, exige uma ordem suprema e absoluta: a menor desobediência a esta "estraga o jogo", privando-o de seu caráter próprio e de todo e qualquer valor. É talvez devido a esta afinidade profunda entre ordem e o jogo que este, como assinalamos de passagem, parece estar em tão larga medida ligado ao domínio da estética. Há nele uma tendência para ser belo. [...]<br /></p></span><span xmlns=""><p>O elemento de tensão [...] desempenha um papel especialmente importante. Tensão significa incerteza, acaso. Há um esforço para levar o jogo ao desenlace, o jogador quer que alguma coisa "vá" ou "saia", pretende "ganhar" à custa de seu próprio esforço.[...] Embora o jogo enquanto tal esteja para além do domínio do bem e do mal, o elemento de tensão lhe confere um certo valor ético, na medida em que são postas à prova as qualidades do jogador: sua força e tenacidade, sua habiliade e coragem e, igualmente, suas capacidades espirituais, sua "lealdade". Por que, apesar de seu ardente desejo e ganhar, deve sempre obedecer às regras do jogo.<br /></p></span><span xmlns=""><p>[...]<br /></p></span><span xmlns=""><p>Numa tentativa de resumir as características formais do jogo, poderíamos considerá-lo uma atividade livre, conscientemente tomada como "não-séria" e exterior à vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total. É uma atividade desligada de todo e qualquer interesse material, com a qual não se pode obter qualquer lucro, praticada dentro de limites espaciais e temporais próprios, segundo uma certa ordem e certas regras. Promove a formação de grupos sociais com tendência a rodearem-se de segredo e a sublinharem sua diferença em relação ao resto do mundo por meio de disfarces ou outros meios semelhantes.</p></span><span xmlns=""><p>[...]<br /></p></span><span xmlns=""><p><strong>12. Elemento Lúdico na Cultura Contemporânea</strong><br /></p></span><span xmlns=""><p><strong></strong></p><p>[...]<br /></p></span><span xmlns=""><p>"Ele considerava jogos infantis todas as opiniões humanas" diz a tradição grega mais tardia acerca de Heráclito. Em oposição a esta frase lapidar, citemos agora de maneira mais extensa as profundas palavras de Platão [...] "Embora as coisas humanas não se caracterizem por uma grande seriedade, mesmo assim é necessário ser sério, ainda que issonão contribua para nossa felicidade... É preciso tratar com seriedade aquilo que é sério enada mais. Só Deus é digno de suprema seriedade, e o homem nçao passa de um joguete de Deus, e é esse o melhor aspecto de sua natureza. Portanto, todo homem e mulher devem viver a vida de acordo com essa natureza, jogando os jogos mais nobres, contrariando suas inclinações atuais... Pois eles consideram a guerra uma coisa séria, embora não haja na guerra jogo ou cultura dignos desse nome, justamente as coisas que nós consideramos as mais sérias. Portanto, todos devem esforçar-se ao máximo por viver em paz. Qual é, então, a maneira mais certa de viver? A vida deve ser vivida como jogo, jogando certos jogos, fazendo sacrifícios, cantando e dançando, e assim o homem poderá conquistar o favor dos deuses e defender-se de seus inimigos, triunfando em combate." Assim "os homens viverão de acordo com a natureza, pois sob muitos aspectos eles são como fantoches e só possuem uma pequena parte da verdade."<br /></p></span><span xmlns=""><p>[...]<br /></p></span><span xmlns=""><p>Sempre que nos sentirmos presos de vertigem, perante a secular interrogação sobre a diferença entre o que é sério e o que é jogo, mais uma vez encontraremos no domínio da ética o, ponto de apoio que a lógica é incapaz de oferecer-nos. Conforme dissemos desde o início, o jogo está fora desse domínio da moral, não é em sí mesmo nam bom nem mau.Mas sempre que tivermos de decidir se qualquer ação a que somos levados por nossa vontade é um dever que nos é exigido ou é lícito como jogo, nossa consciência moral prontamente nos dará a resposta. Sempre que nossa decisão de agir depende da verdade ou da justiça, da compaixão ou da clemência, o problema deixa de ter sentido. Basta uma gota de piedade para colocar nossos atos acima das distinções intelectuais. Em toda a consciência moral baseada no reconhecimento da justiça e da graça, o dilema do jogo e da seriedade, até aqui insolúvel, deixará de poder ser formulado.<br /></p></span></div>Alê: o Pereirahttp://www.blogger.com/profile/06378532014366746284noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-71343274010461505272009-06-09T20:43:00.011-03:002009-06-11T12:41:58.003-03:00Paradoxo na acadimia<div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifHAyCh6nXKMloHHMVUYSYjfj-XJduMAEVvIvU4tEvuiBVYHMfLpRAZECX0tLfNb2fY7cC3qOcSxq77mPrtRcHXu6P4UB5LzABToPD7J6t9nAZos5FG1Irdg1HcYeRSnkUyM0bto066E_N/s1600-h/paradoxo.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 142px; height: 142px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifHAyCh6nXKMloHHMVUYSYjfj-XJduMAEVvIvU4tEvuiBVYHMfLpRAZECX0tLfNb2fY7cC3qOcSxq77mPrtRcHXu6P4UB5LzABToPD7J6t9nAZos5FG1Irdg1HcYeRSnkUyM0bto066E_N/s400/paradoxo.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5345477913612248354" border="0" /></a>Li, ha poucos instantes, uma coisa que me fez parar: <span style="font-style: italic;"><br />...a crítica cerrada a essa crença exacerbada na razão e na ciência, característica da modernidade, viria a constituir um dos principais eixos inspiradores do que se convencionou chamar de "condição pós-moderna"</span><span style="font-style: italic;"> (Harvey, 1992)</span>.<br /><br />Em: <span style="font-size:85%;">Eva Barbosa Samios. <span style="font-style: italic;">Conhecendo o conhecimento: questões lógicas e teóricas na crítica da ciência e da razão.</span><br /></span><br /><span style="font-weight: bold;">Crença na razão</span> (e na ciência)<span style="font-weight: bold;">???</span> Na minha concepção capenga isso parece um paradoxo. Só o véio Adorno nos socorre neste momento. A miopia do paradoxo não o deixa enxergar a dialética.<br /><br /><span style="font-style: italic;">"</span><span style="font-style: italic;font-family:Arial;" >No sentido mais amplo do progresso do pensamento, o esclarecimento tem perseguido sempre o objetivo de livrar os homens do medo e de investi-los na posição de senhores. Mas a terra totalmente esclarecida resplandece sob o signo de uma calamidade triunfal. O programa do esclarecimento era o desencantamento do mundo. Sua meta era dissolver os mitos e substituir a imaginação pelo saber . ...Contudo, a credulidade, a aversão à dúvida, a temeridade no responder, o vangloriar-se com o saber , a timidez no contradizer, o agir por interesse, a preguiça nas investigações pessoais, o fetichismo verbal, o deter-se em conhecimentos parciais: isto e coisas semelhantes impediram um casamento feliz do entendimento humano com a natureza das coisas e o acasalaram, em vez disso, a conceitos vãos e experimentos erráticos; o fruto e a posteridade de tão gloriosa união pode-se facilmente imaginar. ..Portanto, a superioridade do homem está no saber, disso não há dúvida. Nele muitas coisas estão guardadas que os reis, com todos os seus tesouros, não podem comprar, sobre as quais sua vontade não impera, das quais seus espias e informantes nenhuma notícia trazem, e que provêm de países que seus navegantes e descobridores não podem alcançar".</span><br /><br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-style: italic;">Dialética do Esclarecimento</span>, T. Adorno e Max Horkheimer.</span><br /><br />Pois é, maluco, eu tento expandir os limites e sair da zona de conforto das <span style="font-style: italic;">tiuria crítica,</span> mas que q eu vo fazer se os véio é que dão a moral...<br />heheheheh...<br /></div>fliphttp://www.blogger.com/profile/05276940044137861722noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-5454906096285834882009-06-09T14:57:00.004-03:002009-06-11T12:42:36.592-03:00Pilha acadêmica, tá ligado...<div style="text-align: justify;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJSeWFeWoWecUd7lH6yEIsj4lmnW_j4E4bZYMadadYX7nIcfQJExraBV-J2amINyKSl_5yP2nSf279HUu4bTsI0LrVaFck3LfIGZsaZimOnF9KcgxZnG-ylhI9YSSTfUZd53-OUMxDDyYi/s1600-h/bachelard4tf.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 114px; height: 312px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJSeWFeWoWecUd7lH6yEIsj4lmnW_j4E4bZYMadadYX7nIcfQJExraBV-J2amINyKSl_5yP2nSf279HUu4bTsI0LrVaFck3LfIGZsaZimOnF9KcgxZnG-ylhI9YSSTfUZd53-OUMxDDyYi/s400/bachelard4tf.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5345388598204119474" border="0" /></a>Entrei nas pilha acadêmica do espírito científico e obstáculo primeiro, tá ligado mano... mando um Bachelard aí pro'cês lê. Lê aí mano! Lê mano!<br /><br />"O padre Louis Castel dizia com acerto: <span style="font-style: italic;">...Um homem que raciocina, que faz uma demonstração, trata-me como um homem; raciocino junto com ele; deixa-me liberdade de julgar e, se me força, é através da minha própria razão. Mas aquele que grita "é um fato" considera-me como um escravo.</span><br /><br />Contra a adesão ao "fato" primitivo, a psicanálise do conhecimento objetivo é especialmente difícil. Parece que nenhuma experiência nova, nenhuma crítica pode dissolver certas afirmações primeiras. No máximo, as experiências primeiras podem ser retificadas e explicitadas por novas experiências. Como se a observação primeira pudesse fornecer algo além de uma oportunidade de pesquisa!"<br /><br /><span style="font-size:85%;">Gaston Bachelard - <span style="font-style: italic;">A formação do espírito científico</span></span>.<br /></div>fliphttp://www.blogger.com/profile/05276940044137861722noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-33866615100912634952009-06-08T20:58:00.010-03:002009-06-08T22:18:15.147-03:00Raytracing 56%<div style="text-align: justify;"><span xmlns="" style=";font-family:arial;font-size:100%;" ><p>Enquanto as tarefas alienadas do cotidiano da prática espetacular da arquitetura continuam seu curso, nos permitimos uma perambulação mais teorizante no maciço, porém leve "<a href="http://www.cosacnaify.com.br/loja/detalhes.asp?codigo_produto=721&language=pt&showPromo=True">Uma Nova Agenda para a Arquitetura</a>" (ou <a href="http://books.google.com.br/books?id=XghJ9hkBpKkC&printsec=frontcover&dq=umas+nova+agenda+para+a+arquitetura">aqui no Google Books</a>). Organizado por Kate NESBITT e contando com uma seleção dos principais artigos do <em>após-o-moderno</em>, o livro serve como uma ampla e breve passagem pelos escritos sobre arquitetura da segunda metade do séc. XX e início do XXI. Resolvi selecionar apenas um, que transcrevo aqui na esperança de, de certo modo, fazer dialogar os dois aspectos principais desse blog: uma crítica materialista-dialógica da realidade e o metier da arquitetura, urbanismo e planejamento.</p></span><span style="font-size:100%;"><br /></span></div><span xmlns="" style=";font-family:arial;font-size:100%;" ><p><a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Diana_Agrest">AGREST</a>, Diana e GANDELSONAS, Mario:<br /></p><p><strong>Semiótica e Arquitetura: Consumo ideológico ou trabalho teórico<br /></strong>(parte um de dois)<br /></p><p style="text-align: justify;">De maneira geral, as teorias da arquitetura e do design tendem a perpetuar a estrutura básica da sociedade ocidental e ao mesmo tempo manter o design como uma operação legítima dentro da ordem estabelecida. Os autores questionam esse papel adaptativo da teoria da arquitetura analisando a incorporação da semiótica como um "bloqueio teórico". Afirmam que a teoria somente poderá ser considerada como uma produção de conhecimento se houver uma completa transformação de sua base ideológica.<br /></p><p style="text-align: justify;">Nos últimos vinte anos, houve uma extraordinária intensificação da produção de "teoria" da arquitetura e do design, que destacam o papel especial da teoria arquitetônica que se desenvolveu continuadamente ao longo de cinco séculos.A Função das "teorias", hoje como antes, tem sido de adaptar a arquitetura às necessidades das formações sociais ocidentais(1), servindo de elo de ligação entre a estrutura global da sociedade e sua arquitetura. (2) Dessa maneira, a arquitetura tem se modificado para responder à <em>mudança</em> das demandas sociais, <em>incorporando-se</em> à sociedade mediante operações "teóricas". As mudanças correspondentes introduzidas pela "teoria" na prática arquitetônica atuam no sentido de perpetuar a estrutura básica da sociedade e, ao mesmo tempo, de manter a própria arquitetura como sua instituição dentro das formações sociais ocidentais. (3)<br /></p><p style="text-align: justify;">Em um artigo anterior(4), definimos o processo de produção do conhecimento como um projeto teórico que não visa nem à adaptação da arquitetura às "necessidades" das formações sociais nem à manutenção da instituição como a conhecemos. Nesse ponto específico, já nos referimos à <em>teoria</em> em sentido estrito como oposta à "teoria" adaptativa, que chamamos de <em>ideologia</em>.<br /></p><p style="text-align: justify;">A ideologia pode ser definida como um conjunto de represwentações e crenças – religiosas, morais, políticas, estéticas – a respeito da natureza, da sociedade, da vida e das atividades dos homens sobre a natureza e a sociedade. A ideologia tem a função social de manter a estrutura global da sociedade induzindo os indivíduos a aceitar em suas consciências o lugar e o papel que essa estrutura lhes designa. Ao mesmo tempo, a ideologia atua como um <em>obstáculo</em> ao verdadeiro conhecimento, impedindo a constituição da teoria e seu desenvolvimento.<br /></p><p style="text-align: justify;">A função da ideologia não é produzir conhecimento, mas opor-lhe obstáculos. De certo modo, a ideologia alude à realidade, mas somente oferece dela uma ilusão(5). A soma de todo o "conhecimento" arquitetônico ocidental, das insituições do senso comum às complexas "teorias" e histórias da arquitetura, deve ser vista mais como ideologia do que como teoria. Essa ideologia já proclamou satisfazer as necessidades <em>práticas</em> da sociedade por meio da organização e controle do ambiente construído. Para nós, no entanto, a função subjacente dessa ideologia é mais pragmática, a de simultaneamente satisfazer e preservar a estrutura global da sociedade nas formações sociais ocidentais. Ela contribui para a perpetuação do modo capitalista de produção, bem como para a prática arquitetônica como parte dele. Assim, mesmo que a ideologia proporcione um conhecimento do mundo, é um conhecimento <em>determinado</em>, limitado, deurpado por essa função predominante.<br /></p><p style="text-align: justify;">Pensamos que há necessidade de uma teoria, mas que ela seja claramente diferenciada da "teoria" adaptativa ou do que estamos chamendo aqui de ideologia arquitetônica. Nesses termos, a teoria da arquitetura <em>é</em> o processo de produção de conhecimento que toma por base uma relação dialética com a ideologia arquitetetônica; ou seja, a teoria se desenvolve a partir da ideologia e ao mesmo tempo se coloca em posição radical a ela. É essa relação dialética que distingue e separa a teoria de ideologia.<br /></p><p style="text-align: justify;">Em oposição à ideologia, propomos uma <em>teoria</em> da arquitetura, necessariamente fora da ideologia. Essa teoria descreve e explica as relações entre a sociedade e os ambientes construídos de diferentes culturas e modos de produção(6). O trabalho teórico não tem como matéria prima nenhuma coisa concreta ou real, mas crenças, noções e conceitos sobre essas coisas. As noções são transormadas por meio da aplicação de determinadas ferramentas conceituais, e o produto é o conhecimento das coisas(7). A ideologia arquitetônica, como parte integrante de uma cultura e de uma sociedade burguesas, supre parte da matéria-prima sobre a qual devem atuar as ferramentas conceituais.<br /></p><p style="text-align: justify;">As relações entre teoria e ideologia podem ser caracterizadas como uma luta permanente, na qual a ideologia defende um tipo de conhecimento cuja finalidade principal é mais a conservação dos sistemas sociais existentes e de suas instituições do que a explicação da realidade. A história contém muitos exemplos dessa relação. A Igreja [católica] apoiou durante séculos a teoria ptolemaica do universo, que corroborava os textos bíblicos, contra outros modelos que poderiam explicar com mais exatidão a mesma realidade. A teoria coperniciana, ao contrário, foi o resultado de uma transformação conceitual dentro da ideologia. Copérnico destruiu literalmente o sistema geocêntrico de Ptolomeu e desprendeu sua teoria desta ideologia "projetando a terra nos céus"(8). A condenação de Copérnico pela Igreja e a tentativa de cancelar um novo conceito do universo no qual o homem estava mais no centro do mundo e onde o cosmos não se organizava mais em torno dele, mostr um outro aspecto dessa luta. A ideologia teórica, que originalmente se opôs a concepção cosmológica coperniciana, acabou por absorvê-la para <em>reacomodar</em> a estrutura teórica. Cabe distinguir duas etapas nessa relação dialética entre teoria e ideologia: a primeira é a de <em>transformação produtiva</em>, quando a ideologia é inicialmente transformada para prover uma base teórica ; a segunda é a da <em>reprodução metodológica</em>, quando a teoria é elaborada como entidade separada da ideologia. Os estudos de Copérnico correspondem à primeira etapa, em que o trabalho teórico consiste essencialmente na subversão de uma determinada ideologia.<br /></p><p style="text-align: justify;">A arquitetura ainda está à espera de um Copérnico para iniciar a primeira etapa da explicação teórica. A verdade é que apenas recentemente começamos a nos dar conta da necessidade de analisar as relações entre teoria e ideologia.<br /></p><p style="text-align: justify;">Diversas ideologias arquitetônicas têm aparecido de modo mais ou menos sistemático, como evidencia o uso ambíguo da denominação " teoria". Essa ambiguidade tem se acentuado recentemente em teses pseudoteóricas, que usam modelos provenientes de diferentes campos do conhecimento, como a matemática, a lógica, o behaviorismo ou a filosofia. Quando aplicados à arquitetura, esses modelos introduzem uma ordem superficial, mas deixam intacta a estrutura ideológica subjacente. A invtrodução de modelos tirados d outros campos do conhecimento deve ser vista como consumo ideológico e como um modismo temporário no plano da técnica (9). <em>Mas o consumo de teorias que podem ser pensadas em sí como instrumento para o desenvolvimento da teoria sobre a arquitetura atua como uma forma especial de obstáculo ideológico, que denominamos bloqueio teórico.</em><br /></p><p style="text-align: justify;">Muitas teorias que se apresentam como teorias numa acepção estrita são, na realidade, justo o oposto. Elas funcionam como <em>obstáculos</em> à produção teórica. Mas muitas das " teorias semióticas da arquitetura" produzidas recentemente constribuem tão-somente para o consumo de uma teoria da semiótica, a qual, a nosso ver, poderia propiciar uma série de instrumentos úteis para a produção de conhecimento <em>sobre</em> a arquitetura. Essas teorias são a essência de um bloqueio teórico.<br /></p><p><br />[FIM DA PARTE 1]<br /></p><p>Notas:<br /></p></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-weight: bold;">1. </span>Formação social (<em>formatio sociale</em>) é um conceito marxista que designa a " sociedade". " A formação social é a totalidade complexa concreta que compreende as práticas econômica, política e ideológica, num lugar e num estágio determinados de desenvolvimento." Louis Althusser, <em>For Marx</em>. Nova Iorque: First Vintage Books, 1970, p, 251.</span><br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-weight: bold;">2.</span> Há outras funções das teorias da arquitetura e do design que não mencionamos neste artigo, isto é, a teoria cuja função é estabelecer determinado ordenamento das operações de projeto dentro da prática arquitetônica.</span><br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-weight: bold;">3. </span>As transformações ocorridas na sociedade introduzem reformas que permitem a sobrevivência do sistema vigente. Contudo, essas mudanças nunca são verdadeiras - pois as relações estruturais permanecem intocadas - , mas meras transformações daquele sistema. Por exemplo, o desenvolvimento do modo de produção capitalista em diferentes estágios - mercantilismo, capitalismo industrial, imperialismo, etc - baseou-se numa série de transformações realizadas em diferentes domínios, mas que não modificaram de forma alguma a estrutura de classes.</span><br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-weight: bold;">4. </span>Diana Agrest e Mario Gandelsonas, "arquitectura/Arquitectura", <em>Materia, Cuadernos de Trabajo.</em> Buenos Aires, 1972.</span><br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-weight: bold;">5.</span> Para sermos mais exatos, deveríamos falar em ideologias no plural, ainda que, neste artigo, estehamos tratando de uma ideologia específica, a ideologia burguesa.</span><br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-weight: bold;">6. </span>Esta é uma definição parcial do objeto específico deste artigo: a relação entre teoria e ideologia arquitetônica. Esse caráter parcial decorre do fato de que o importante problema teórico da relação entre a prática arquitetônica e o inconsciente (Freud) não foi considerado neste artigo.</span><br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-weight: bold;">7.</span> Procuramos seguir aqui o capítulo "Metodologia", em Karl Marx, <em>Introdução a Crítica da Economia Política</em>, recentemente analisado por Althusser, em <em>Pour Marx</em>. Essas duas obras são uma base fundamental para qualquer abordagem materialista dialética da teoria em contraste com as formas de concepção idealista da teoria. Ver a classificação althusseriana da teoria idealista como "empirismo", e "formalismo". Usamos este termo, no entanto, com o objetivo de contrastá-lo com o que se deve considerar hoje simplesmente como concepção ocidental da teoria e para enfatizar seu caráter provisório como etapa atual no processo de desenvolvimento de uma teoria mais geral das ideologias.</span><br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-weight: bold;">8. </span>Alexander Koyre, <em>La Révolution Astronomique.</em> Paris: Hermann, 1961, p. 16.</span><br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-weight: bold;">9. </span>Diana Agrest, <em>Epistemological Remarks on Urban Planning Models</em>, palestra no IAUS, Nova Iorque, 1972.</span><br /></div><span xmlns="" style=";font-family:arial;font-size:100%;" ><p></p></span><span xmlns="" style=";font-family:arial;font-size:100%;" ><p><br /></p></span>Alê: o Pereirahttp://www.blogger.com/profile/06378532014366746284noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-70397285520538637412009-05-19T10:05:00.020-03:002009-05-19T13:30:18.942-03:00futurismus<div style="text-align: justify;">De longe vem uma identidade marcada na arquitetura: a da renovação <span style="font-weight: bold;">heróica</span> da cidade - principalmente no sentido que Debord dá ao <span style="font-style: italic;">Mito do Herói</span>. Desde os "visonários" do séc. XVIII como <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Claude_Nicolas_Ledoux">Ledoux</a>, <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/%C3%89tienne-Louis_Boull%C3%A9e">Boullé</a> e <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Jean-Jacques_Lequeu">Lequeu</a> até as auto-referentes estruturas da <span style="font-style: italic;">Bigness </span>de <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Koolhaas#S.2CM.2CL.2CXL">Koolhaas</a>/<a href="http://www.oma.eu/">OMA</a> e dos exageros do <a href="http://www.big.dk/">B.I.G</a> se busca a transfiguração do cotidiano no épico e essencialmente em algo melhor do que é atravé de uma larga dose de grandiosidade. Como no espelho de <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Alice_no_Pa%C3%ADs_das_Maravilhas">Alice</a>, se invertem as figuras e se ideologiza a retórica de maneira a justificar um mundo melhor no futuro, uma revolução salvadora, uma promessa para a próxima geração.</div><div style="text-align: justify;">Nesta tendência, temos nossos modernos sessentistas - com destaque especial para o <span style="font-style: italic;">pritzkerprizewinner</span> <a href="http://arqforum.blogspot.com/2008/02/paulo-mendes-da-rocha-e-o-fazer-da.html">Paulo Mendes da Rocha</a> - e sua discussão sobre o progresso produtivo como o possível caminho para a ampla emancipação da sociedade. Não me alongo nesse assunto, ao invés, aponto para as resenhas do F.Drago aqui no arqforum sobre o contraponto: nosso suicida (do metier) predileto, <span style="font-weight: bold;">Sérgio Ferro</span> (resenhas <a href="http://arqforum.blogspot.com/2009/01/no-rastro-de-srgio-ferro-resenha-01.html">1</a>, <a href="http://arqforum.blogspot.com/2009/01/no-rastro-de-srgio-ferro-resenha-02.html">2</a>, <a href="http://arqforum.blogspot.com/2009/01/no-rastro-de-srgio-ferro-resenha-03.html">3</a> e <a href="http://arqforum.blogspot.com/2009/02/no-rastro-de-sergio-ferro-resenha-04.html">4</a>).<br />O que acho interessante na posição criticada por S. Ferro - assim como extremamente pertinente nos diálogos atuais - é da recorrência das crenças no futuro como solução para todos os problemas que temos no presente, especialmente através do desenvolvimento material ou tecnológico. Isso, ao invés de apontar para o crescimento sustentado das iniciativas, tem muito mais apontado para os <span style="font-style: italic;">ready-mades</span> as soluções totais, as super-construções e realização que contenham, dentro de sí e uma vez completas, todos os elementos necessários.<br /></div><div style="text-align: justify;">Essa ideologia, com forte sotaque positivista, mesmo quando dita contemporaneamente, se mostra avessa a qualquer teoria mais firme, seja através da crítica arquitetônica ou pela própria filosofia. Em outras palavras, coloca para o futuro a prova irrefutável - pois ainda não aconteceu - de sua validade, ideologizando e tornando difuso o discurso de maneira muito mais política do que teórica. Como comentei no post sobre <a href="http://arqforum.blogspot.com/2008/11/estruturas-variao-conexo-e-liberdades.html">Estruturas, Variação, Conexões e Liberdades</a>, estas soluções completas jamais alcançam a real totalidade dos fatos. No máximo conseguem solapar as sensibilidades da realidade (e dos sujeitos portanto) num todo inclusivo e totalitário, anti-libertário por mais amplo e contínuo que seja.<br />Ilustrando isso, lanço mão de algumas estruturas marcantes na história da "arquitetura visionária", desde o século XVIII ao nosso XXI. Antes, porém, uma citação sobre o livro <span style="font-style: italic;">Cidade Genérica</span> do Koolhaas, retirada e traduzida livremente a partir do <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Koolhaas">artigo sobre Koolhaas na Wikipedia </a>"<i>[AS] Pessoas podem habitar qualquer coisa. Assim como podem ser miseráveis em qualquer coisa e extáticas por qualquer coisa. Mais e mais penso que a arquitetura nada tem a ver com isso. Claro, isso é tanto libertador quanto alarmante. No entanto, a cidade genérica, a condição urbana geral, acontece em todo lugar e apenas o fato de que ocorre em quantidades enormes deve significar que é habitável. A arquitetura não pode fazer qualquer coisa que a cultura não faça. Nós todos reclamamos que somos confrontados por ambientes urbanos que são completamente parecidos. Dizemos que queremos criar beleza, identidade, qualidade, singularidade. No entanto, e talvez em verdade, estas cidades que temos são desejadas. Talvez sua própria falta de caráter proveja o melhor contexto para se viver."</i><br />Vou propositadamente deixar no ar esta contradição sem fazer qualquer juízo ainda, de modo que em posts posteriores se possa discutir as implicações reais e potenciais de cada postura, da cidade-genérica, da cidade-controle [do estado?, do mercado?], da cidade-enquanto-processo, etc.<br /><br /></div>Vamos ao que interessa:<br /><span style="font-weight: bold;">Claude-Nicholas <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Claude_Nicolas_Ledoux">Ledoux</a> - a utopia da monarquia francesa do séc. XVIII.</span><br /><div style="text-align: justify;"><span>A necessidade de ordem clara, </span><span>que vai desde a organização das referências simbólicas a geometria, simetria e clareza das formas - inspirada no classicismo, mas grandiosa e não-contextualista - mostram uma fortíssima marca do iluminismo, antevendo as idéias de <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Auguste_Comte">Comte</a></span><span style="font-weight: bold;"> </span><span>do positivismo.</span><br /></div><div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;font-size:85%;" >As salinas em </span><span style="font-style: italic;font-size:85%;" class="mw-headline" >Arc-et-Senans (1774-1779)</span><span style="font-size:85%;"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a4/Koenigliche_Saline_in_Arc-et-Senans_Bild1_800px.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 328px; height: 217px;" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a4/Koenigliche_Saline_in_Arc-et-Senans_Bild1_800px.jpg" alt="" border="0" /></a></span><br /></div><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;font-size:85%;" >As salinas em </span><span style="font-style: italic;font-size:85%;" class="mw-headline" >Arc-et-Senans (1774-1779)</span><br /></div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7b/Arc-et-Senans_-_Plan_de_la_saline_royale.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 330px; height: 227px;" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7b/Arc-et-Senans_-_Plan_de_la_saline_royale.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">Étienne-Louis Boullée - racionalidade geométrica de inspiração neoclássica:<br /><br /></span><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><i>Deuxieme projet pour la Bibliotheque du Roi</i> (1785)</span></div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6d/Bibliotheque_nationale_boul.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 326px; height: 216px;" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6d/Bibliotheque_nationale_boul.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><i>Cénotaphe a Newton</i> (1784</span>)<br /></div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/09/Newton_memorial_boullee.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 325px; height: 186px;" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/09/Newton_memorial_boullee.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">Antonio <a href="http://www.plataformaarquitectura.cl/2009/05/14/recordando-a-antonio-sant%E2%80%99elia/">Sant'Elia</a> - futurista moderno pelo progresso e libertação</span><div style="text-align: justify;">Modernismo herórico de primeira linha, Sant'Elia marca uma tentativa de quebra com o passado neo-clássico típica do início do século XX e propõe, como veremos em Metropolis de F. Lang, uma grandiosa cidade, onde a geometria mais pura e precisa do cálculo, fruto da racionalidade e da ciência sobre o mundo se tornarão belas e magníficas.<br /><br /></div><div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;font-size:85%;" >Studio per Centrale Elettrica (1914)</span><br /></div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.plataformaarquitectura.cl/2009/05/14/recordando-a-antonio-sant%E2%80%99elia/"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 240px; height: 359px;" src="http://www.plataformaarquitectura.cl/wp-content/uploads/2009/05/studio-per-centrale-elettrica_1914.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;font-size:85%;" >Studio per Centrale Elettrica (1914)</span><br /></div> <a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.plataformaarquitectura.cl/2009/05/14/recordando-a-antonio-sant%E2%80%99elia/"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 239px; height: 343px;" src="http://www.plataformaarquitectura.cl/wp-content/uploads/2009/05/studio-per-centrale-elettrica_1914-02-691x1000.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;"><br /><br /><a href="http://www.plataformaarquitectura.cl/2009/03/27/constant-y-la-internacional-situacionista/">Constant</a> e New Babylon</span><br /><div style="text-align: justify;">Um dos preferidos da casa, buscou expressar a autonomia da vida atingida pelo <span style="font-style: italic;">Homo Ludens</span> na forma de cidades contínuas, mutantes e perfeitas para a realização do <span style="font-style: italic;">jogo </span>e das <span style="font-style: italic;">situações</span> em todos os momentos.<br /></div><br /><div style="text-align: right; font-style: italic;"><span style="font-size:85%;">Symbolische voorstelling van New Babylon (1969)</span></div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.plataformaarquitectura.cl/2009/03/27/constant-y-la-internacional-situacionista/"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 329px; height: 300px;" src="http://www.plataformaarquitectura.cl/wp-content/uploads/2009/03/3391constant-symb-nw-baby.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;font-size:85%;" >vista de um setor (1959)</span><br /></div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.plataformaarquitectura.cl/2009/03/27/constant-y-la-internacional-situacionista/"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 329px; height: 198px;" src="http://www.plataformaarquitectura.cl/wp-content/uploads/2009/03/49531521ef.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">Archigram - plugues, cidades ambulantes</span><br /><div style="text-align: justify;">As esquisitices maravilhosas de Peter Cook e sua turma ainda nos deixam de queixos caídos. A proposta arquitetônica, no entanto, muito se assemelha ao que já foi lançado por Constant e por outros "totalitários": a solução única, mesmo que neste caso plural e um tanto caótica.<br /></div><br /><div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;font-size:85%;" >Plug-in City (1964)</span><br /></div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOFEBUB72H_WwzBUXqvIOvxThLp9EOMPY-OPQlFBFSE0thG9F4PaiwxjFTHO0IROTIVeNAKWPK7et0l__IxIzdg3OGn0PxcLVmsTyAvVKfSF_QTOfHSqPsB9yyo-LYvTdzw-VJkxJ9u-Y/s1600-h/ARCHIGRAM__megaestrutura.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 266px; height: 298px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOFEBUB72H_WwzBUXqvIOvxThLp9EOMPY-OPQlFBFSE0thG9F4PaiwxjFTHO0IROTIVeNAKWPK7et0l__IxIzdg3OGn0PxcLVmsTyAvVKfSF_QTOfHSqPsB9yyo-LYvTdzw-VJkxJ9u-Y/s200/ARCHIGRAM__megaestrutura.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5337549155093018530" border="0" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><br /></span><span style="font-style: italic;font-size:85%;" >Plug-in City (1964)</span><br /></div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.arttowermito.or.jp/archigram/jpg/picsect.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 262px; height: 235px;" src="http://www.arttowermito.or.jp/archigram/jpg/picsect.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;"><a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Koolhaas">Koolhaas</a> - uma visão total do caos</span><br /><div style="text-align: justify;">Com uma retórica maravilhosamente acompanhada de imagens em centenas de livros, revistas, sites, entrevistas e palestras o mais midiático dos arquitetos define, em seu livro <span style="font-style: italic;">S, M, L, XL </span>um verdadeiro paradigma da arquitetura grandiosa e completa-em-sí-mesma. Partindo de exemplos reais, eventos absolutamente cotidianos e medíocres até mesmo, Koolhaas chega na definição desta autonomização da realidade dos shopping-centers, aeroportos, terminais de passageiros, museus, etc quando atingem uma determinada escalaAo serem enormes, deixam de se comunicar dialogicamente com o seu contexto para definir, unívocamente, qual será o contexto, que forma se dará ao conjunto. Colocada de outra forma, <span style="font-weight: bold;">são o contexto</span>.<br /><br /></div><div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;font-size:85%;" >casa em Bordeaux (1998)</span><br /></div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlM1OztnrqFT1knjWdXJh3I-48VcaTVZVe_mDpCgmkrLBDXxoyFOfqeEYDmTORhpST4f3jvBDtucmObwuFO_2BtLJaoCLXPHiNLEFj2rmQOUUPSUNZM9RH3CSAazYfYxdL01vzd6FMvSQ/s1600-h/KOOLHAAS___Casa+em+Bordeaux_02.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 319px; height: 213px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlM1OztnrqFT1knjWdXJh3I-48VcaTVZVe_mDpCgmkrLBDXxoyFOfqeEYDmTORhpST4f3jvBDtucmObwuFO_2BtLJaoCLXPHiNLEFj2rmQOUUPSUNZM9RH3CSAazYfYxdL01vzd6FMvSQ/s200/KOOLHAAS___Casa+em+Bordeaux_02.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5337551061104697874" border="0" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-style: italic;">esquema estrutural da Biblioteca Pública de Seattle (2004)</span><br /></span></div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2DLKTbuApC9k2y6fFVTcKH-ehSnfRj3isRBSATyxMgFeOAK9uFeYEuuldd_5q-syG8c4Cn5MviEUlDlMBiqlfX6KyKvf2NIHSUctgfez1jUep8h2BV67DSVRHbMwjFI1bfkXV6JL2El4/s1600-h/KOOLHAAS___Biblioteca+Publica+de+Seattle_03.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 319px; height: 210px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2DLKTbuApC9k2y6fFVTcKH-ehSnfRj3isRBSATyxMgFeOAK9uFeYEuuldd_5q-syG8c4Cn5MviEUlDlMBiqlfX6KyKvf2NIHSUctgfez1jUep8h2BV67DSVRHbMwjFI1bfkXV6JL2El4/s200/KOOLHAAS___Biblioteca+Publica+de+Seattle_03.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5337551054384149202" border="0" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">BIG - uma iconografia construída em proporções assombrosas</span><br /><div style="text-align: justify;">Propondo não somente a construção de elementos totais, mas ainda uma identificação clara do status de símbolo/marco para sua arquitetura, o <a href="http://www.big.dk/big.html">Bjarke Ingels Group</a> parte da visão bastante prolixa e libertina, mesmo que totalitária, de Koolhaas, onde Ingels trabalhou durante anos. Mais que uma opção estética, se trata da estratégia de encarar o mundo como <span style="font-style: italic;">a construir</span> ou <span style="font-style: italic;">por fazer</span>, o que, como diz o holandês Koolhaas é terrivelmente libertador, ou libera um terror de possibilidades de controle, domínio e mesmo ficção de realidade. É quase como se interpretasse os ensinamentos da realidade como processo do pós-modernismo e os virasse de ponta-cabeça para dizer: "já que existem múltiplas visões de realidade, vou transformar a realidade tal qual a minha visão dela".<br /></div><br /><div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;font-size:85%;" >Torres Lego em Copenhagem (2007)</span><br /></div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.dezeen.com/2007/09/10/lego-towers-by-bjarke-ingels-group/"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 352px; height: 235px;" src="http://www.dezeen.com/wp-content/uploads/2007/09/big_lego_model_building_2.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;font-size:85%;" >Torres Walter em Praga (2009)</span><br /></div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.trendir.com/ultra-modern/walter-towers-by-bjarke-ingels-1.html"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 352px; height: 280px;" src="http://www.trendir.com/ultra-modern/walter-towers-1.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: justify;">Com isso, encerro, mas permito uma deixa para um post futuro sobre estas <a href="http://www.plataformaarquitectura.cl/2009/02/12/utopias-reloaded/">mega-estruturas</a> e suas possibilidades enquanto utopias, enquanto realidades-fabricadas e principalmente, em relação a ainda presente importância do desenho na realização de uma arquitetura enquanto processo.<br /></div>Alê: o Pereirahttp://www.blogger.com/profile/06378532014366746284noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-25820377470961864152009-04-22T22:51:00.020-03:002009-04-24T10:50:08.556-03:00[ - ] SINAL DE MENOS<div style="text-align: justify;font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px; color: rgb(102, 102, 102);font-size:100%;" ><i><blockuote></blockuote></i></span><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-size:100%;" ><br />Depois de ha muito desaparecido, começando novos projetos pra vida, volto a este humilde bloguinho para comunicar-lhes que nasceu a mais nova rebenta antimercadoria: a </span><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-size:100%;" ><a href="http://www.sinaldemenos.org/index.php?journal=revista&page=index">Revista Sinal de Menos.</a></span><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-size:100%;" > Dêem uma espiada.</span><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-size:100%;" > Lá está a ultima resenha da série </span><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-size:100%;" ><a href="http://www.sinaldemenos.org/index.php?journal=revista&page=article&op=view&path%5B%5D=12&path%5B%5D=35">"No rastro de Sérgio Ferro"</a></span><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-size:100%;" >. Com isto, ganhamos mais uma ferramenta de articulação, debate e compartilhamento, bem menos enrijecida do que as revistas "alternativas de esquerda", em nossas nossas redes de negação do capitalismo e na criação de vislumbres e flashes de uma outra história. Uma boa notícia para quem "corre" carreira acadêmica: vale mandar trabalhos que serão selecionados e publicados segundo critérios da revista (que vale pontos no currículo, sim!). Fica o convite! </span><span style="font-weight: bold; color: rgb(102, 102, 102);font-size:100%;" >[<span style="color: rgb(255, 0, 0);"> - </span>]</span><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-size:100%;" >!</span><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-size:100%;" ><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.sinaldemenos.org/index.php?journal=revista&page=index"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 100px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYp6kO-SJdDMmcnbvixPjYCDlz1CHtcpDNuXTvMSaQbo5m3C0uZD2qsUMNT_k7XfSrLZCeB3Jx9MvqqXSDdZK0pe-KP1farvxfYaj4Iqi38i8PBHitv-wInxK8SbxZeiEp1Gmlmi8wctze/s400/sdm+copy+copy.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5327700028287400226" border="0" /></a></span><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-size:100%;" >Editorial da </span><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px; color: rgb(102, 102, 102);font-size:100%;" ><span style="">primeira edição:</span><br /><br /><span style="">Que o mundo atual apareça cada vez menos sob os trajes da positividade e do otimismo satisfeitos, parece haver poucas dúvidas. Tornou-se um fato banal a grande mídia relatar, em pânico aberto ou simulado, a explosão de crises sociais e ambientais de grande magnitude. O espectro da catástrofe ronda o planeta, abafado cotidianamente pela velha política de entretenimento de massas e administração das crises, em meio ao fracasso e ao terror social generalizados. Quanto mais o capitalismo se afirma vencedor, como a única alternativa de produção e vida, mais o desastre social e ambiental, a um certo prazo difícil de julgar, parece-nos inevitável.</span></span><span style="font-size:100%;"><br /><br /></span></div><div style="text-align: justify;font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: separate; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px; color: rgb(51, 51, 51);font-size:100%;" ><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-family:lucida grande;font-size:130%;" >Se o travo amargo do negativo se projeta sobre o todo, para nós não se trata de atenuá-lo, mas sim de aguçá-lo, com a maior contundência possível. Pois as crises que se desencadeiam não são garantia alguma de superação social, tornando-se antes motivo para reflexão sobre as formas de converter tal negatividade cega em algo realmente negativo e superador. Uma revista que nasce sob o signo da recusa – da potência do não, em vistas à criação social do novo – necessariamente se esforça por determinar e especificar aquilo que pretende negar. Não se trata de forma alguma de niilismo, reação desparafusada, desespero existencial, irracionalismo – formas abstratas de recusa pela recusa ou voluntarismo cego, feitos de um ponto de vista meramente subjetivo, individual ou grupal. Inserimo-nos, assim, no esforço coletivo de elaboração de uma crítica consequente das mediações sociais que nos afetam e nos dominam, em seus vários níveis e escalas. Alinhamo-nos à tradição de pensar e organizar uma formação cultural crítica, que necessariamente passe pela autorreflexão individual, sem a qual, queremos crer, não há nenhuma práxis realmente emancipatória.</span><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-family:georgia;font-size:130%;" ><br /><br /></span><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-family:lucida grande;font-size:130%;" >Trata-se de mirar e atacar as estruturas fundamentais da sociedade capitalista, bem como seus momentos constitutivos e reprodutivos em suas particularidades concretas.</span><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-family:verdana;font-size:130%;" ><i> Sinal de Menos</i></span><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-family:lucida grande;font-size:130%;" class="Apple-converted-space" > </span><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-family:lucida grande;font-size:130%;" >pretende, pois, dar voz à perspectiva mediadora entre os problemas gerais e particulares, movendo-se continuamente das questões econômico-sociais mais urgentes aos movimentos de oposição, dos processos de urbanização capitalista às formas políticas e estatais, da formação social e cultural às formas de sujeito e subjetivação, das elaborações teóricas num plano mais geral à literatura e às artes. Se é correto afirmar que vemos o mundo sempre de um certo ponto de vista – no caso, da periferia do capitalismo, como seres sujeitos à loucura da valorização do capital –, talvez tenhamos, por assim dizer, ao menos alguma "vantagem" nesse ponto: pois não será aqui o lugar onde a crise mundial se manifesta em toda sua força, como revelação cabal e mesmo adiantada da fratura exposta da socialização capitalista global ?</span><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-family:georgia;font-size:130%;" ><br /><br /></span><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-family:lucida grande;font-size:130%;" >Nessa linha há bons antecedentes. No Brasil, pode-se dizer que a grande descoberta do país iniciou-se menos com as ciências sociais que com a literatura: depois de uma lenta acumulação literária, Machado de Assis despontou, em plataforma periférica, como um grande farol, ainda hoje fazendo-nos ver as faces tenebrosas de uma sociedade em que as heranças coloniais da dominação direta – escravismo, patriarcalismo, clientelismo – se entrelaçam às estruturas de dominação capitalista mais modernas. Aqui, as regulações coisificadas do capital se combinam ao mandonismo e ao capricho de uma elite cínico-esclarecida, fermentando uma cultura envenenada, de afirmação e sobrevivência selvagens, que hoje trespassa todos os estratos sociais, reproduzindo uma sociedade estilhaçada e só muito precariamente unificada – nem por isso menos moderna e capitalista, muito pelo contrário. Nosso complexo particular de problemas dá sinais ao mundo, na crise em que há muito estamos, de que o automatismo cego e destrutivo do sistema tende a ser suportado – não sem contradições – por formas subjetivas distintas do sujeito burguês europeu clássico, que hoje vão se generalizando pelo mundo todo. A grande literatura, nesse caso, longe de ser mera ideologia, detinha chaves de alguns de nossos enigmas sociais contemporâneos.</span><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-family:georgia;font-size:130%;" ><br /><br /></span><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-family:lucida grande;font-size:130%;" >A Revista aposta então suas fichas no pensamento de que a totalidade deve se realizar dialeticamente em cada problema particular enfocado, sem privilégio de algum campo de análise. Da mesma maneira, se hoje vem se falando em "brasilianização do mundo", em geral de forma apologética, provavelmente estaremos num posto relevante para a observação crítica, adrede preparado por nossa tradição. Nesse sentido da formação, a revista segue sua linha, traçando com rigor e também certo jogo e desvio para com as regras oficiais do mundo universitário, degradado pelo mercado e pela cultura do favor, a figura composta pelos enigmas sociais. Um outro mestre em tais enigmas, Drummond, em seu "não-estar-estando" na vida danificada, concluía assim seu "Poema-orelha":</span><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-family:verdana;font-size:100%;" ><br /></span><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-family:georgia;font-size:100%;" ><br /><i face="lucida grande"> <blockuote> "e a poesia mais rica, é um sinal de menos." </blockuote></i><br /><br /></span><span style="color: rgb(102, 102, 102);font-family:lucida grande;font-size:130%;" >Tornou-se um fato banal a grande mídia relatar, em pânico aberto ou simulado, a explosão de crises sociais e ambientais de grande magnitude. O espectro da catástrofe ronda o planeta, abafado cotidianamente pela velha política de entretenimento de massas e administração das crises, em meio ao fracasso e ao terror social generalizados. Quanto mais o capitalismo se afirma vencedor, como a única alternativa de produção e vida, mais o desastre social e ambiental, a um certo prazo difícil de julgar, parece-nos inevitável.</span><span style=";font-family:georgia;font-size:100%;" ><br /></span><span style=";font-family:georgia;font-size:100%;" ><br /><span style="font-size:78%;"><a href="http://www.sinaldemenos.org/index.php?journal=revista&page=article&op=view&path%5B%5D=1&path%5B%5D=39">http://www.sinaldemenos.org/index.php?journal=revista&page=article&op=view&path[]=1&path[]=39</a></span></span><br /></span></div>fliphttp://www.blogger.com/profile/05276940044137861722noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7474127241968291360.post-69728395073424771122009-03-18T18:33:00.003-03:002009-03-18T18:53:34.204-03:00Leituras e Comentários sobre a Assistência Técnica a Moradia Econômica<div style="text-align: justify;">Vou me permitir fazer uma postagem mais informal pra aproveitar um email que enviei e guardá-lo por aqui.<br />Sobre alguma pesquisa que fiz para tentar me inteirar do processo que levou a criação da lei 11.888/2008 que determina a destinação de recursos financeiros para a Assistência Técnica para a Moradia Econômica, vou fazer um relato do que entendi até aqui começando por uma enumeração brevíssima dos principais fatos deste processo:<br /></div><ol><li>A lei começa com Clóvis Ilgenfritz no Sindicato dos Arquitetos do RS;</li><li>Como era uma das primeiras bandeiras da reforma urbana, está incluída no Fórum de Reforma Urbana desde a constintuinte;</li><li>Vem junto na formulação do Estatuto das Cidades e entre nele lá no Artigo 4, inciso IV, letra "r" - assistência técnica como direito fundamental;</li><li>É levada para o congresso na forma do PL 6223/2002 pelo Clovis (PT-RS), que recebe emendas e vira o PL 889/2003 do Zezeu Ribeiro (PT-BA);</li><li>É discutida em 2005 com a realização de 16 seminários regionais e um <a href="http://www.fna.org.br/seminario/index.php">seminário nacional</a> pela Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (<a href="http://www.fna.org.br/">FNA)</a>;<br /></li><li>Aprovado pelo congresso e sancionada pelo Lula na forma da lei <a href="http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11888.htm">11.888/2008.</a></li></ol><div style="text-align: justify;"> Nesse panorama vou destacar o substitutivo do Zezeu que inclui a participação dos engenheiros na lei (até entao era de arquitetura somente) e sobre alguns comentários do Clóvis sobre o processo de evolução da lei, na época do substitutivo, que vi nos fóruns online do Acampamento Intercontinental da Juventude de 2005, unma mensagem enviada pelo Fernandao a pedido do Albano, imagino.<br /> Buenas. a inclusao dos Engs. vem, claro, por questoes econômicas mas tbm por questões práticas: projetos de saneamento e tal precisam dos caras. O problema, conforma ressalta o Clovis na carta, é que não ha diferenciacao entre o q eles fazem e o q os Arqs. fazem. Entao eles podem fazer arquitetura, mas nos nao podemos fazer saneamento, capicce? Vai a consideração do Clovis:<br /></div><br /><span style="font-size:85%;">" Aqui, exatamente, reside uma das minhas preocupações com relação ao Substitutivo do Deputado Zezéu, quando precisamos nos reportar ao conceito inerente à *arquitetura* e ao *trabalho de<br />arquitetura* que é o de *projetar e construir o espaço de viver das pessoas*, ou num conceito mais largo amplo, o profissional que trabalha o *habitat* humano.<br /> Se isto é verdadeiro, mesmo que colocado aqui de forma simplista, é verdadeiro também que os seviços de arquitetura e urbanismo sejam exercidos por profissionais arquitetos ou, se quiserem, por *profissionais formados e habilitados para os serviços de arquitetura*."</span><br /><br /><div style="text-align: justify;"> Outra coisa, que é levantada na carta é a possibilidade de atuação de profissional autônomo - ferida pelo substitutivo quando inclui os profissionais do serviço público,que já são contemplados por outros programas, o que mistura conceitualmente a ATME numa grande e sem foco solução para financiar a arquitetura para as baixas rendas. EM outras palavras, desvia o foco da atenção por profissionais autonomos para a utilização dos recursos para reformar ou reformçar os orçamentos dos deptos. e secretarias de habitação públicas. Como exemplo, é o caso de Pelotas, que estabeleceu, com a Lei 4089, um serviço público de plantas prontas pra serem repetidas sob demanada. Pra mim, um contra-senso e um absurdo completo. Limitam inclusive a Habitação de Interesse Social a 40m2 e dizem que se ela puder ser expandida para além de 60m2está excluída do programa! Seguem as palavras do Clóvis em 2005:<br /></div><br /><span style="font-size:85%;">" O segundo ponto de natureza conceitual que estou levantando, neste momento, e que precisa sermelhor analizado no Projeto de Lei ou no Programa propriamente dito, é que os *Serviços de Arquitetura devem ser exercidos por um profissional para um beneficiário* ou por vários profissionais para vários beneficiários. Ou seja, é um trabalho *individualizado*, personificado e, de preferência, *exercido por profissional autônomo*, preparado, assim como é o caso do médico para atender um paciente, e não por uma entidade, mesmo que seja "sem fins lucrativos".<br /> Em outras palavras, o profissional se cadastra, se habilita a atender o Programa. A figura da *pessoa jurídica *ou *funcionário público* como está proposto no Substitutivo, desfigura o Programa que deve ser dirigido para *profissionais indicados *às Prefeituras e por conseqüência aos beneficiários."</span><br /><br /><div style="text-align: justify;"> Fora esta questão de quem fará os projetos e como, gostaria de comentar comentar um dos artigos da lei que fala sobre o agente de seleção dos beneficiários, no art. 3° diz assim:<br /></div><br /><span style="font-size:85%;">" Art. 3o A garantia do direito previsto no art. 2o desta Lei deve ser efetivada mediante o </span><span style="font-weight: bold;font-size:85%;" >apoio financeiro da União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios</span><span style="font-size:85%;"> para a execução de serviços permanentes e gratuitos de assistência técnica nas áreas de arquitetura, urbanismo e engenharia."</span><br /><br /> Depois, no treco n°4:<br /><br /><span style="font-size:85%;">" § 4o A seleção dos beneficiários finais dos serviços de assistência técnica e o atendimento direto a eles </span><span style="font-weight: bold;font-size:85%;" >devem ocorrer por meio de sistemas de atendimento implantados por órgãos colegiados municipais com composição paritária</span><span style="font-size:85%;"> entre representantes do poder público e da sociedade civil."</span><br /><br /> Ou seja, mais um conselho ou mais poderes pro conselho que existe!<br /><br /><div style="text-align: justify;"><span> No caso de Porto Alegre, temos uma disputa entre o COMATHAB - Conselho Municipal de Acesso a Terra e Habitação (o regimento eleitoral dele pode ser acessado no <a href="http://www2.portoalegre.rs.gov.br/demhab/default.php?reg=1&p_secao=83">site do DEMHAB</a>) e o CGFMD, que será (quando criado) o Conselho Gestor do Fundo Municipal de Desenvolvimento. Esse fundo já existe e é aquele que recebe os recursos da venda de solo criado. O que mudará é que terá um Conselho Gestor agora, e sua formulação é a seguinte (algumas emendas mudaram o nome pra Fundo Municipal de HIS que absorveria o FMD):</span><br /></div><br /><span style="font-size:85%;">" Art . 4° O Conselho Gestor do FMD será composto de forma paritária por 09 (nove) conselheiros representantes do Poder Executivo Municipal e da sociedade civil, abaixo descritos:<br />I -01 (um) representante do Departamento Municipal de Habitação- DEMHAB;<br />II - 01 (um) representante do Gabinete de Programação orçamentária do Município de Porto Alegre -GPO;<br />II I - 01 (um) representante da Secretaria do Planejamento Municipal -SPM;<br />IV - 01 (um) representante do Conselho Regional de. Engenharia e Arquitetura do Rio Grande do Sul- </span><span style="font-weight: bold;font-size:85%;" >CREA/RS;</span><span style="font-size:85%;"><br />V - 01 (um) representante do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Rio Grande do Sul -</span><span style="font-weight: bold;font-size:85%;" >SINDUSCON/RS;</span><span style="font-size:85%;"><br />VI - 01 (um) representante da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Rio Grande do Sul -</span><span style="font-weight: bold;font-size:85%;" >OAB/RS;</span><span style="font-size:85%;"><br />VII - 01 (um) representante do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher;<br />VllI - 01 (um) representante da União de Associação de Moradores de Porto Alegre - UAMPA;<br />IX - 01 (um) representante do Conselho do Orçamento Participativo do Município de Porto Alegre.<br />§ 1° A Presidência do Conselho-Gestor do FMD será e xercida pelo Diretor-Geral do Departamento Municipal de Habitação -DEMHAB.<br />§ 2° O presidente do Conselho-Gestor do FMD exercer á o voto de qualidade. ."</span><br /><br /><div style="text-align: justify;"> Ele também se propôs a acabar com o COMATHAB, substituindo a representação direta popular pelas 6 entidades e classe e populares acima. Só que no final do ano recebeu várias emendas, pego a última que modificava principalmente o artigo 4°:<br /></div><br /><span style="font-size:85%;">" Art. 4° O Conselho Gestor do FMHIS será composto de forma paritária por </span><span style="font-weight: bold;font-size:85%;" >09 (nove) conselheiros representantes integrantes do COMATHAB</span><span style="font-size:85%;">, conforme segue:<br /><br />I - 03 (três) representantes governamentais indicados;<br />II - 03 (três) representantes de entidades de classe; e<br />III - 03 (três) representantes do movimento popular comunitário<br /><br />§ 1° </span><span style="font-weight: bold;font-size:85%;" >Os membros do Conselho Gestor do FMHIS, integrantes das entidades de classe, com representação da área habitacional , e das entidades do movimento popular comunitário serão indicados pelas Câmaras do COMATHAB</span><span style="font-size:85%;">, dentre seus pares, cabendo ao Executivo Municipal indicar os seus representantes integrantes do referido Conselho."</span><br /><br /><div style="text-align: justify;"> Caso estas emendas sejam aprovadas a lei fica realmente viável e mais justa, pois devolve o poder de indicação pro COMATHAB que historicamente está ligado a reforma urbana e é muito marcado pela presença das cooperativas habitacionais. O constraste maior fica em relação a redação original que oligopolizava o poder nas mãos da tecnocracia pública e privada, um completo revés dos objetivos do FNHIS e da reforma urbana como um todo.<br /></div><div style="text-align: justify;"> Sei que estes comentários estão longe de ser um retrato fiel do processo e que devem carregar imensas incorreções, mas espero que sirva para que alguns dos arquitetos que estejam por fora desta agenda tão importante para o país possam começar a dialogar mais claramente com ele e assumir um compromisso de gerir o processo de regulamentação que se aproxima.Além disso, essa discussão é pra apontar caminhos possíveis de atuação pra nós ou pra qualquer arquiteto a bem dizer.<br />Abraços!<br /></div>Alê: o Pereirahttp://www.blogger.com/profile/06378532014366746284noreply@blogger.com0