quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Porquês do telhado verde no meio urbano

1. Redução de superfícies pavimentadas: Devido ao excesso de superfícies impermeabilizadas nas zonas urbanas surgem conseqüências na qualidade na água que bebemos por causa da captação, na qualidade do ar e no micro-clima. Surgem ilhas de calor, mudança na direção de ventos, redemoinhos de pó que levam a sujeira para dentro dos ambientes, e para a atmosfera, etc. Com telhados verdes e redução de área pavimentada aumenta-se as superfícies verdes , o que auxilia no controle das consequências da urbanização.

2. Limpeza do ar (produção de oxigênio e captura do CO² e do pó): Como todos os vegetais, os que estão sobre os telhados capturam CO² e liberam O². Enquanto as folhas sobre o telhado crescem elas fazem fotossíntese e, se há um equilíbrio de crescimento/morte, sempre se estará extraindo CO² do ambiente e repondo O². As plantas filtram o ar, quer dizer retiram as partículas de pó que se prendem na grande superfície de folhas gerada por um capim nativo sobre um telhado. Logo este pó é lavado pela chuva e volta ao solo. As plantas ainda podem absorver partículas nocivas de gás e aerossóis. Pesquisas de Bartfelder demonstram que as plantas podem, inclusive, retirar metais pesados do ar. Medições sobre uma rua suíça deram como resultado que um arbusto de 1m de altura por 0,75m de largura reduz, através do efeito de filtragem, em 50% a contaminação por chumbo da vegetação que está logo atrás dele.


3. Redução dos redemoinhos de pó: O aquecimento de superfícies pavimentadas produz um movimento de ar ascendente que pode alcançar 0,5m/s, levando partículas variadas. Isto faz com que o colchão de pó das ruas, casas, praças, pátios sejam impulsionadas para a atmosfera e se formem camadas de gases, fumaça e poeira sobre as cidades. Mediante telhados ajardinados se pode reduzir este movimento de ar porque sobre os colchões de pasto não se forma nenhuma “térmica”, já que a temperatura abaixo do pasto é constantemente inferior à do ar.


4. Regulação da temperatura: A planta extrai calor do ambiente pela evaporação, fotossíntese e pela capacidade de armazenar calor de sua própria água. Este efeito se faz perceptível nos dias mais quentes de verão.Com a evaporação de 1l de água são consumidos quase 2,2 MJ (530Kcal) de energia. A condensação do vapor forma nuvens, nas quais a mesma quantidade de energia é liberada novamente. Portanto as plantas podem reduzir as oscilações de temperatura. Um telhado verde em Kassel (Alemanha), com um substrato de 16cm de espessura para uma temperatura externa de 30°C, havia abaixo da vegetação apenas 23°C e abaixo do substrato apenas 17,5°C. Quer dizer que, apelos mesmos motivos, possui um efeito de isolante térmico para a edificação. Possuem, evidentemente, propriedades de isolamento acústico completo para a edificação e de ondas de alta freqüência para o entorno, o que nas cidades é bastante relevante.


5. Proteção contra incêndio: Os telhados verdes oferecem uma proteção ideal para telhados expostos a chamas. Na Alemanha eles são considerados “incombustíveis” e classificados como fechamentos superiores pesados.


6. Capacidade de retenção de água: Um telhado com 20 cm de substrato de terra e argila expandida pode reter 90mm de água (90l/m²), diminuindo a carga dos pluviais urbanos. O coeficiente de deságüe de águas pluviais para estas superfícies com um mínimo de 10cm de substrato é de 0,3. Quer dizer que somente 30% da chuva vai diretamente para os pluviais, 70% fica retida ou se evapora. Num teto verde com 12° de inclinação e 14 cm de substrato, depois de uma forte chuva de 18h, pode-se cronometrar um atraso de 12h de deságüe pluvial. Neste caso foram para o pluvial apenas 28,5% de toda a chuva.


Além de todos estes efeitos benéficos para a edificação e para a cidade, um telhado verde bem feito tem uma vida útil indefinida, muito longa, além de ser espaço vital para insetos, proporcionar aromas e criar uma paisagem urbana mais agradável com cores diferentes do cinzento urbano.

Quatro detalhes de telhado verde (clique para ampliar)


Para mais informações ver:

Minke, Gernot. Techos verdes: planificación, ejecución, consejos práticos. Editorial Fin de Siglo. Montevideo, Uy.


2 comentários:

Alê: o Pereira disse...

Buenas, já que estamos nessa:
Um projeto, há uns 2 anos, sugeria a adaptação de 2 milhões de telhados em Buenos Aires para que fossem verdes. Por outro lado, são comuns as desculpas contra um certo "exotismo" do telhado verde, um tornar-clichê com aquele poste de eucalipto autoclavado na estrutura, forrinho de bambu queimado, etc e tal.
Ainda sinto falta do domínio da técnica do telhado verde, mas em situações como no projeto para a Vila Gaúcha me parece um caso-limite no qual seria interessantíssimo inserir um elemento como esse. Justamente pelo orçamemto ser apertado, mas ter uma área delimitada a ser coberta (ou não, mas poderia ser o caso) talvez se abrisse a oportunidade de realizar um gesto arquitetônico mais interessante que a regra, por mais q ainda balizado pela lógica do projetista-executor.
Falamos esta semana sobre comunicar arquitetura para outros, conversar, trocar. Que linguagem construtivo-espacial-arquitetônica pode-se usar para facilitar esse diálogo?
Os verdes todos entram aí? Por aproximar o usuário de uma "imagem" ou mensagem mais definida, tornam mais fácil a apreensão de um ponto de vista arquitetônico ou não? Seriam só a cerejinha no bolo, ou podem ser o recheio, massa e cobertura também?
Enfim, te encho de pergunta pra ver se sai alguma coisa hehehe
abs

Sabrina Bezerra disse...

Adorei saber mais sobre os telhados ecológicos, quanto mais divulgação houver, mais motivada a população a fazer uso de idéias simples que podem melhorar o meio ambiente, o bem-estar de todos e até mesmo os custos!
Consciência verde, é isso aí!!!